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A IA na UE e o impacto em Portugal
Um artigo João Rolo na Revista BOW 34
A Inteligência Artificial na União Europeia e o Impacto em Portugal
A Inteligência Artificial (IA) está a transformar rapidamente a sociedade, impactando diversos setores como segurança, cultura, ciência, economia e finanças. A União Europeia (UE) reconhece a importância da IA e tem vindo a incrementar políticas para garantir que o seu desenvolvimento e utilização estejam alinhados com os valores europeus, como o respeito pelos direitos fundamentais, a privacidade e a transparência.
O Regulamento da Inteligência Artificial (AI Act) é uma peça central na estratégia da UE para a IA. Este regulamento visa garantir que os sistemas de IA sejam desenvolvidos e utilizados de forma responsável, promovendo um equilíbrio entre a inovação tecnológica e a proteção dos indivíduos e da sociedade.
O AI Act estabelece obrigações claras para os fornecedores e responsáveis pela implementação de tecnologias de IA, regulando a sua introdução no mercado único da UE com base numa abordagem de risco. Isto significa que os sistemas de IA são classificados de acordo com o seu nível de risco potencial, sendo que os sis- temas considerados de alto risco estão sujeitos a requisitos mais rigorosos.
Em conjunto com o AI Act, a Estratégia Europeia para a IA define a visão e a programação da UE para promover o desenvolvimento e a adoção da IA na Europa, centrada em três eixos: Investimento em inovação e capacitação; Preparação dos sistemas sociais e económicos; Garantia de um quadro ético e jurídico ajustado.
O AI Act e a Estratégia Europeia para a IA terão um impacto significativo em Portugal, criando desafios e oportunidades para empresas, investigadores e cidadãos. Portugal tem vindo a preparar-se para esta nova realidade, investindo em talento, infraestruturas e investigação em IA e garantindo a sua utilização de forma ética e responsável.
A nova Agenda Nacional de Inteligência Artificial de Portugal é um passo importante nesta direção, estabelecendo um roteiro para o de- senvolvimento e a adoção da IA no país. Esta agenda, estruturada em torno de três eixos – Inovação, Talento e Infraestrutura – pretende posicionar Portugal como um líder nesta área, alinhando-se com os princípios e valores da UE. O investimento no desenvolvimento da IA em Portugal tem o potencial de impulsionar a com- petitividade, transformar setores estratégicos e promover a sustentabilidade, mas salvaguardan- do que é utilizada para o bem da sociedade e em conformidade com os valores europeus.
Em suma, a IA está a moldar o futuro da sociedade e a UE está a tomar medidas para garantir que esta tecnologia seja utilizada de forma responsável e ética. Portugal tem um papel importante a desempenhar neste processo e a implementação do AI Act e da Agenda Nacional de IA são passos importantes para garantir que o país está preparado para aproveitar as oportunidades e enfrentar os desafios da IA.
Adoção de IA na União Europeia em 2024
De acordo com o Eurostat, a adoção da IA na União Europeia em 2024 apresenta um cenário promissor, com crescimento generalizado e diferenças significativas na utilização da tecnologia por grandes empresas e PME.
Mais de 13% das empresas da UE (com pelo menos 10 trabalhadores) adotaram a IA nas suas operações em 2024, um aumento de 5,5% face a 2023, com todos os Estados-membros a assinalarem um crescimento na utilização de tecnologias de IA; as grandes empresas (mais 250 trabalhadores) registaram uma utilização de 42%, em média.

Adoção da IA em empresas portuguesas em 2024
Segundo o INE, a IA está a transformar o panorama empresarial em Portugal, com um número crescente de empresas a adotarem estas tecnologias inovadoras, com mais incidência nas organizações de maior dimensão, em linha com as tendências globais.
Em 2024, 8,6% das empresas portuguesas já utilizam IA nas suas operações, aplicada numa variedade de segmentos, desde a identificação de objetos em imagens até à automação de fluxos de trabalho, o que demonstra um reconhecimento crescente do potencial da IA para impulsionar a eficiência, a inovação e o crescimento.



A IA como motor da internacionalização de empresas
A Inteligência Artificial (IA) está a transformar o mundo dos negócios e a sua adoção pelas empresas é cada vez mais uma necessidade para se manterem competitivas, especialmente no contexto da internacionalização. As previsões indicam que, em 2027, 80% das empresas já utilizarão IA nas suas operações, o que demonstra a aceleração da implementação destas tecnologias. Para acompanhar esta revolução tecnológica, o envolvimento do tecido empresarial é um fator crucial, com a integração da IA na atividade produtiva e comercial e na expansão dos negócios além-fronteiras, abrindo novas perspetivas económicas. Num mercado globalizado e cada vez mais competitivo, a IA emerge como uma condição primordial para o sucesso das empresas que buscam a internacionalização. O seu potencial é inegável, impulsionando o crescimento, a eficiência e a competitividade das empresas que a adotam de forma estratégica.
Ao proporcionar a redução de custos e o aumento da produtividade e das vantagens comparativas, a IA desem- penha um papel vital no incremento, diversificação e consolidação das operações de internacionalização das empresas, de forma mais estratégica e segura, reduzindo riscos e maximizando as oportunidades de crescimento.
A título de exemplo, destaque-se a plataforma tecnológica “Portugal Exporta” da AICEP, que recorre à inteligência artificial para ajudar as empresas exportadoras através de serviços personalizados de apoio no processo de internacionalização.
Ao explorar os benefícios da IA, as empresas podem criar valor a partir dos dados e insights, otimizar processos, aumentar a eficiência operacional, melhorar a tomada de decisões estratégicas e impulsionar a sua competitividade no mercado internacional.
A IA é uma ferramenta poderosa que pode impulsionar a internacionalização de empresas, mas a sua implementação exige uma análise cuidadosa de diversos fatores relevantes. As empresas que se internacionalizam precisam estar atentas aos desafios relacionados à privacidade de dados, aos quadros regulatórios, à cibersegurança e à necessidade de capital humano qualificado, para garantir que a IA seja utilizada de forma ética, responsável e eficaz.
Contudo, os benefícios são vastos. A IA permite controlar melhor a incerteza, a complexidade e o dinamismo associados aos negócios internacionais, fornecendo infor- mações em tempo real e análises preditivas. As empresas que investirem em IA estarão em melhors condições para competir na era da globalização digital, cada vez mais com- plexa e em permanente mutação.
A adoção da IA nas estratégias de internacionalização é uma oportunidade para que as empresas portuguesas superem as limitações do mercado nacional e se posicionem como atores relevantes no cenário global. Este processo exige um investimento consistente em capacitação, inovação e infraestrutura. Ao investir nestes três pilares, as empresas portuguesas estarão mais bem preparadas para competir na era da globalização digital, expandindo os seus negócios para novos mercados e alcançando o sucesso internacional.
João Rolo, Secretário-Geral da Secretaria-Geral da Economia
In Revista BOW 34 – A Inteligência Artificial e a Internacionalização
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2025.05.21