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Um passo em frente…mas é necessário manter apoios
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

Na sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo, o presidente da AEP sublinha que “efetivamente, demos um passo para a frente”. No entanto, “apesar das fundadas razões para algum otimismo, é necessário manter o esforço de apoio de retaguarda à atividade empresarial”, defende Luís Miguel Ribeiro, para quem “uma retirada prematura dos apoios consagraria um enorme risco descendente na evolução do PIB, que devemos evitar, pelas implicações negativas em termos económicos e sociais”.

Leia a coluna na íntegra:


Um passo em frente…

A avaliação do risco de transmissibilidade do vírus, do nível de incidência, da gravidade clínica da pandemia e capacidade de resposta do SNS, incluindo a cobertura da vacinação da população, permitiram entrar numa fase de desconfinamento progressivo.

Efetivamente, demos um passo para a frente!

Contudo, apesar das fundadas razões para algum otimismo, é necessário manter o esforço de apoio de retaguarda à atividade empresarial, para se conseguir alcançar uma retoma sustentada e evitar os falsos arranques, que já assistimos com a evolução da pandemia, que recolocaram elevada incerteza e agravaram a situação económica e financeira de muitas empresas.

É certo que no segundo trimestre deste ano o PIB português conheceu um crescimento homólogo, em termos reais, de 15.5%, o máximo da série iniciada em 1995. Mas, não nos iludamos, pois nesta estatística há um enorme efeito de base, influenciado pelo segundo trimestre de 2020 - plena fase de confinamento -, em que o PIB teve uma quebra abrupta de que não há memória (-16.6%). Em termos homólogos, a destruição de riqueza no segundo trimestre do ano passado ultrapassou os 8.3 mil milhões de euros, o que traduziu um recuo do valor real do PIB trimestral para cerca de 42,4 mil milhões de euros, ou seja, para o patamar registado há duas décadas (no segundo trimestre de 1999).

Pese embora o efeito de base, é de assinalar a atual dinâmica favorável das exportações de bens, mantendo-se a evolução negativa nos serviços, com destaque para a componente das "Viagens e Turismo" cujo peso no total das exportações de bens e serviços se reduziu brutalmente (em cerca de 77%) face ao ano pré-pandemia.

São de louvar as recentes medidas aprovadas pelo Governo, com vista a proteger o tecido produtivo até que seja possível recuperar a confiança, reforçar a solvência de empresas viáveis e evitar um impacto negativo estrutural que perturbe a recuperação da economia. Algumas incidem sobre dois aspetos fundamentais: o do financiamento e o da capitalização das empresas, respetivamente com a criação da Linha de Apoio à Tesouraria para Micro e Pequenas Empresas e a criação do Fundo de Capitalização de Empresas.

Agora, impõe-se celeridade na sua execução!

Este é o caminho que devemos prosseguir. Uma retirada prematura dos apoios consagraria um enorme risco descendente na evolução do PIB, que devemos evitar, pelas implicações negativas em termos económicos e sociais.
Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 07.08.2021