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Sustentabilidade da retoma por confirmar
No início de junho, o indicador diário do BdP recuou para níveis abaixo de 2019

De janeiro a abril, as exportações de bens subiram 3,9% face a 2019, incluindo 7% em abril, evidenciando que o crescimento recente, face a uma situação de normalidade, se está a acentuar (a variação face a 2020 é empolada por efeitos de base).

É uma evolução positiva, mas que reflete uma procura reprimida ainda em normalização e não necessariamente um aumento a médio e longo prazos, um raciocínio igualmente válido para a procura interna, pois o índice de vendas do comércio a retalho de abril também já superou o nível de 2019 em abril, embora pouco.

Acresce que a produção da indústria transformadora cresceu 44,0% face a 2020 em abril, mas continua abaixo de 2019 (-4,1%), sendo razoável assumir que uma parte das exportações e do consumo de bens está a ser satisfeito com stocks e não nova produção.

É ainda patente que nesta crise, ao contrário da anterior, não será o turismo (pelo menos para já) a liderar a recuperação, com os indicadores de hóspedes e dormidas de abril ainda a menos de 80% dos níveis de 2019 (apesar de um forte aumento face aos baixos valores de 2020).

Os dados mais recentes da atividade económica mostram que a retoma ainda não está consolidada. O indicador diário do Banco de Portugal recuou para níveis abaixo de 2019 no início de junho (-6,0% no dia 6) após quase um mês inteiro acima desse referencial.

Resta ainda saber que empresas teremos para sustentar a retoma. A expectativa é muita quanto aos instrumentos de capitalização do Banco de Fomento, cuja atuação urge, numa altura em que muitas empresas estarão no limiar da sobrevivência.

Dados da Informa DB mostram que os nascimentos de empresas de janeiro a abril estão ainda muito abaixo de 2019 (-26,7%) – apesar de uma subida de 15,0% face a 2020, incluindo 64,3% em abril –, o mesmo sucedendo nos encerramentos (-23,9%) e no número de processos de insolvência (-6,8%), que muito provavelmente têm sido adiados devido às medidas excecionais.

Esta é, por isso, uma altura decisiva para capitalizar as empresas e evitar uma escalada de falências antes da retirada das medidas de apoio, incluindo as moratórias de crédito.