Ritmo Económico

Ritmo Económico 03/2025
No Capítulo 1 deste terceiro número do Ritmo Económico de 2025 podemos observar que a economia portuguesa cresceu, em 2024, mais do que era esperado pelas principais instituições nacionais e internacionais, fruto do maior dinamismo no último trimestre. Portugal cresceu mais do dobro da Área Euro, tendo apresentado o 11º melhor desempenho, ainda assim distante da 5ª posição observada em 2023.
Como mostra a análise detalhada por componentes do PIB, o dinamismo da procura interna (impulsionado, sobretudo, pela aceleração do consumo privado, mas que tem raízes pouco sustentadas, como sublinhado no último número do Ritmo Económico) foi o principal responsável pelo crescimento do PIB, face a um contributo negativo da procura externa líquida (em resultado de um maior crescimento das importações face ao das exportações).
Na procura interna, o ritmo de crescimento do investimento foi inferior ao do consumo privado e a tendência foi mesmo de desaceleração, o que é preocupante, atendendo a que decorre no período de execução da maior dotação de fundos europeus que o nosso país já alguma vez teve.
Na procura externa, a intensidade exportadora da economia portuguesa caiu pelo segundo ano consecutivo, mais longe de alcançar a meta de atingir, pelo menos, 60% do PIB em exportações até 2030, como a AEP defende.
Digno de registo é o facto do saldo da balança de bens e serviços ter atingido o valor máximo das três últimas décadas, onde é de sublinhar o contributo positivo da balança de serviços, com o turismo a assumir um papel determinante.
Também digna de registo é a dinâmica observada no investimento direto estrangeiro, o que demonstra a atratividade do nosso país, que a atual instabilidade política não pode nem deve pôr em causa.
No Capítulo 2, dedicado à economia mundial quisemos apresentar alguns dados e, simultaneamente, suscitar algumas reflexões, tendo como cenário de fundo as macrotendências políticas e geoestratégicas, com destaque para a trajetória de hegemonia económica da China.
Até 2050 os Estados Unidos deverão ser ultrapassados pela China e, posteriormente, pela Índia até 2075, caindo para o terceiro lugar. A nível europeu, assinala-se a expectável perda de relevância das principais economias nas próximas décadas, nomeadamente da Alemanha, França, Reino Unido e Itália.
A previsível trajetória de hegemonia económica da China face aos Estados Unidos poderá argumentar, em boa parte, o comportamento da política da atual Administração Trump, ainda que tal política possa ter um impacto desfavorável para a própria economia americana. Alguns analistas já apontam para uma possível recessão dos Estados Unidos no primeiro trimestre deste ano, algo que o próprio Presidente Trump não descarta, considerando-a como uma espécie de “dano colateral” de curto prazo para conseguir assegurar a prosperidade da América no médio e longo prazo.
Lurdes Fonseca
AEP - Departamento de Estudos e Estratégia
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Como mostra a análise detalhada por componentes do PIB, o dinamismo da procura interna (impulsionado, sobretudo, pela aceleração do consumo privado, mas que tem raízes pouco sustentadas, como sublinhado no último número do Ritmo Económico) foi o principal responsável pelo crescimento do PIB, face a um contributo negativo da procura externa líquida (em resultado de um maior crescimento das importações face ao das exportações).
Na procura interna, o ritmo de crescimento do investimento foi inferior ao do consumo privado e a tendência foi mesmo de desaceleração, o que é preocupante, atendendo a que decorre no período de execução da maior dotação de fundos europeus que o nosso país já alguma vez teve.
Na procura externa, a intensidade exportadora da economia portuguesa caiu pelo segundo ano consecutivo, mais longe de alcançar a meta de atingir, pelo menos, 60% do PIB em exportações até 2030, como a AEP defende.
Digno de registo é o facto do saldo da balança de bens e serviços ter atingido o valor máximo das três últimas décadas, onde é de sublinhar o contributo positivo da balança de serviços, com o turismo a assumir um papel determinante.
Também digna de registo é a dinâmica observada no investimento direto estrangeiro, o que demonstra a atratividade do nosso país, que a atual instabilidade política não pode nem deve pôr em causa.
No Capítulo 2, dedicado à economia mundial quisemos apresentar alguns dados e, simultaneamente, suscitar algumas reflexões, tendo como cenário de fundo as macrotendências políticas e geoestratégicas, com destaque para a trajetória de hegemonia económica da China.
Até 2050 os Estados Unidos deverão ser ultrapassados pela China e, posteriormente, pela Índia até 2075, caindo para o terceiro lugar. A nível europeu, assinala-se a expectável perda de relevância das principais economias nas próximas décadas, nomeadamente da Alemanha, França, Reino Unido e Itália.
A previsível trajetória de hegemonia económica da China face aos Estados Unidos poderá argumentar, em boa parte, o comportamento da política da atual Administração Trump, ainda que tal política possa ter um impacto desfavorável para a própria economia americana. Alguns analistas já apontam para uma possível recessão dos Estados Unidos no primeiro trimestre deste ano, algo que o próprio Presidente Trump não descarta, considerando-a como uma espécie de “dano colateral” de curto prazo para conseguir assegurar a prosperidade da América no médio e longo prazo.
Lurdes Fonseca
AEP - Departamento de Estudos e Estratégia