Notícias

Reconstruir a economia com os fundos comunitários
Indicadores de atividade a evoluir positivamente, mas em desaceleração

Envolvente Empresarial de setembro - elaborada conjuntamente pela AEP, AIP e CIP - evidencia a continuação de um andamento positivo dos indicadores de atividade setoriais, das exportações e dos níveis de confiança, refletindo o maior controlo da pandemia com o rápido avanço da vacinação. 

Contudo, é já patente uma desaceleração significativa da atividade setorial, que resulta do desvanecimento progressivo quer de efeitos de base (que empolaram o crescimento homólogo dos indicadores pela comparação com reduzidos níveis de atividade em 2020) quer do aumento de procura, com a satisfação crescente de necessidades que ficaram por atender durante a pandemia e o esgotamento gradual da poupança acumulada e que tem vindo a ser consumida.

Estas razões são válidas tanto para a procura interna como para a externa, sendo o abrandamento também patente nas exportações.

Também os níveis de confiança têm vindo a corrigir em baixa, tanto em Portugal como no conjunto da UE, após uma recuperação muito rápida.

Dados mais avançados, do  indicador diário de atividade do Banco de Portugal (até 19/9), apontam claramente para um forte abrandamento homólogo no terceiro trimestre (para  5%, após uma variação de 19% no trimestre anterior), sugerindo uma evolução semelhante do PIB, que cresceu 16,2% no 2º trimestre após cinco trimestre seguidos em queda.

Em comparação com 2019, antes da pandemia, o indicador de atividade do Banco de Portugal mostra um desagravamento progressivo (-1,3% no 3º trimestre, considerando dados até 19/9, após -2,2% e -6,3% nos dois trimestres anteriores), esperando-se, por isso, uma retoma consistente do nível do PIB pré-pandemia já no início de 2022.

Contudo, não se pode esperar que o fim desejado dos efeitos conjunturais da pandemia sobre a procura determine um crescimento sustentado do PIB que leve à convergência com o nível de vida europeu, processo interrompido nas duas últimas décadas.

De facto, a pandemia trouxe impactos mais persistentes sobre o tecido empresarial que é preciso atender com urgência, com o realce para o aumento do endividamento e da descapitalização, e há países que apoiaram muito mais as empresas do que Portugal. Por outro lado, é ainda preciso ultrapassar muitos outros bloqueios estruturais que já existiam. 

Por todas estas razões, a AEP endossa e enfatiza a ideia poderosa do Presidente da República, reiterada recentemente, de que, mais do que uma recuperação económica, o que o País precisa é de uma “reconstrução económica e social” aproveitando ao máximo os fundos comunitários disponíveis, uma vez que “a ideia não é regressar ao que era antes da pandemia”, mas antes fazer “mais e melhor” com base nas lições aprendidas.

Veja a Envolvente Empresarial de setembro, como habitualmente com duas separatas de indicadores, uma para Portugal e outra para a Área Euro.