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Que não nos falte energia...
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo
O presidente do CA da AEP dedica a sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo ao apagão da rede elétrica no dia 28 de abril que "teve um impacto significativo na economia e na sociedade, expondo as fragilidades do sistema energético nacional", e refere os resultados do “Inquérito Flash" que a AEP efetuou junto dos seus associados.
Estando em causa uma questão de natureza estrutural - assegurar o regular abastecimento de energia elétrica -, para Luís Miguel Ribeiro, "a falha na rede e a ausência de uma resposta automatizada eficiente merecem uma ampla reflexão e ação".
Leia a coluna na íntegra:
Que não nos falte energia…
O apagão da rede elétrica no dia 28 de abril teve um impacto significativo na economia e na sociedade, expondo as fragilidades do sistema energético nacional.
Sem que ninguém tivesse previsto, durante várias horas milhões de pessoas, vários serviços (desde hospitais, escolas, sistemas de transporte e telecomunicações) e várias organizações, incluindo as empresas, ficaram sem eletricidade, afetando o seu normal funcionamento. De um modo geral, os “territórios pararam”, sinal da profunda dependência da sociedade moderna da energia elétrica para se manter a funcionar e, sobretudo, para manter a funcionar os serviços básicos e as infraestruturas críticas.
À data em que escrevo este artigo de opinião, ainda se desconhece o que verdadeiramente provocou o colapso energético. O que já se conhece é a magnitude do seu impacto, ainda que, nesta fase, em termos rigorosos, a avaliação possa ser apenas qualitativa.
No que à atividade empresarial diz respeito, os impactos negativos foram muito significativos, como deram conta os resultados do “Inquérito Flash da AEP sobre o Impacto Económico do Colapso Energético Ibérico”, realizado entre 29 de abril e de 2 maio. No primeiro dia, sublinho, tivemos a maior participação de sempre, em número de respostas, o que demonstra a pertinência do assunto. Muitas empresas viram interrompida a sua atividade durante longas horas, tendo-se registado uma duração média de interrupção de 10 horas, o que na indústria afetou, pelo menos, dois turnos. Por setor de atividade, e como seria de esperar, as indústrias transformadoras reportaram uma situação mais gravosa.
Os empresários prontificaram-se a apresentar várias propostas, no sentido de o país poder garantir o regular abastecimento de energia, com destaque para importância das seguintes vertentes: independência energética e autossuficiência; autoconsumo, com uso local da energia produzida; sistemas redundantes, black start e backup rápido; diversificação de fontes e reativação de infraestruturas; planeamento, contingência e coordenação institucional.
A falha na rede e a ausência de uma resposta automatizada eficiente merecem uma ampla reflexão e ação, pois o risco de esta situação voltar a repetir-se não é zero, segundo os especialistas. Olhe-se para o apagão não apenas como um colapso técnico, mas um alerta, que requer uma estratégia nacional adequada, pois o que está em causa – assegurar o regular abastecimento de energia elétrica - tem natureza estrutural.
Que não nos falte energia.
Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 09.05.2025
Estando em causa uma questão de natureza estrutural - assegurar o regular abastecimento de energia elétrica -, para Luís Miguel Ribeiro, "a falha na rede e a ausência de uma resposta automatizada eficiente merecem uma ampla reflexão e ação".
Leia a coluna na íntegra:
Que não nos falte energia…
O apagão da rede elétrica no dia 28 de abril teve um impacto significativo na economia e na sociedade, expondo as fragilidades do sistema energético nacional.
Sem que ninguém tivesse previsto, durante várias horas milhões de pessoas, vários serviços (desde hospitais, escolas, sistemas de transporte e telecomunicações) e várias organizações, incluindo as empresas, ficaram sem eletricidade, afetando o seu normal funcionamento. De um modo geral, os “territórios pararam”, sinal da profunda dependência da sociedade moderna da energia elétrica para se manter a funcionar e, sobretudo, para manter a funcionar os serviços básicos e as infraestruturas críticas.
À data em que escrevo este artigo de opinião, ainda se desconhece o que verdadeiramente provocou o colapso energético. O que já se conhece é a magnitude do seu impacto, ainda que, nesta fase, em termos rigorosos, a avaliação possa ser apenas qualitativa.
No que à atividade empresarial diz respeito, os impactos negativos foram muito significativos, como deram conta os resultados do “Inquérito Flash da AEP sobre o Impacto Económico do Colapso Energético Ibérico”, realizado entre 29 de abril e de 2 maio. No primeiro dia, sublinho, tivemos a maior participação de sempre, em número de respostas, o que demonstra a pertinência do assunto. Muitas empresas viram interrompida a sua atividade durante longas horas, tendo-se registado uma duração média de interrupção de 10 horas, o que na indústria afetou, pelo menos, dois turnos. Por setor de atividade, e como seria de esperar, as indústrias transformadoras reportaram uma situação mais gravosa.
Os empresários prontificaram-se a apresentar várias propostas, no sentido de o país poder garantir o regular abastecimento de energia, com destaque para importância das seguintes vertentes: independência energética e autossuficiência; autoconsumo, com uso local da energia produzida; sistemas redundantes, black start e backup rápido; diversificação de fontes e reativação de infraestruturas; planeamento, contingência e coordenação institucional.
A falha na rede e a ausência de uma resposta automatizada eficiente merecem uma ampla reflexão e ação, pois o risco de esta situação voltar a repetir-se não é zero, segundo os especialistas. Olhe-se para o apagão não apenas como um colapso técnico, mas um alerta, que requer uma estratégia nacional adequada, pois o que está em causa – assegurar o regular abastecimento de energia elétrica - tem natureza estrutural.
Que não nos falte energia.
Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 09.05.2025