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Portugal a recuperar menos que a UE
Menor crescimento do PIB no 1º semestre prolonga divergência

As estimativas rápidas do Eurostat para o PIB no 2º trimestre dão conta que Portugal teve a taxa de crescimento em cadeia mais alta, em termos reais (4,9%), entre os 20 países da UE27 com dados.

Trata-se de uma análise bastante parcelar neste contexto de pandemia, em que os ciclos económicos de curto prazo estão fortemente condicionados pela evolução pandémica, caraterizada por ondas com desfasamentos assinaláveis entre os países.

Com efeito, esta 1ª posição a nível europeu no 2º trimestre seguiu-se ao último lugar no 1º trimestre (-3,2%), período marcado por um confinamento geral em Portugal. Em média, o PIB português subiu 0,8% por trimestre, menos que na UE (0,9%) e o 15º pior desempenho entre os 20 países com dados, estando assim a recuperar menos que a UE após uma perda superior em 2020 (-7,6% vs. -6,0%), o que prolonga a divergência neste crucial indicador de criação de riqueza.

Infelizmente, essa divergência é estrutural, sendo clara a menor capacidade de criação de riqueza nas duas primeiras décadas do milénio em comparação com os pares europeus. De facto, o crescimento médio anual do PIB nacional foi metade do registado pela UE27 na década de 2010 (0,8% e 1,6%, respetivamente) e pouco menos de metade na década de 2000 (0,9% e 1,5%).

Como não se podem esperar resultados diferentes usando as mesmas receitas, a AEP tem vindo a propor várias medidas para elevar o crescimento do PIB de forma sustentável, com destaque para a urgente capitalização do tecido empresarial – para apoiar a recuperação de empresas viáveis e o crescimento alicerçado dos negócios – e a aposta na reindustrialização (programa Portugal Industrial PT i5.0), incluindo serviços conexos.

Ao nível dos critérios de acesso a fundos comunitários, de modo a promover o setor de bens e serviços transacionáveis internacionalmente, com impacto positivo no PIB, no emprego, no saldo externo e no ambiente, é fundamental:
  • (i) adicionar o aumento do valor acrescentado nacional (VAB + consumos intermédios de origem nacional) e da intensidade exportadora líquida (exportações líquidas de importações em rácio do volume de negócios) como determinantes relevantes da valia dos projetos – complementando critérios importantes como o aumento do VAB, da intensidade exportadora bruta e do emprego –, com majorações para critérios de eco-eficiência,
e
  • (ii) valorar a substituição competitiva de importações (aumento da produção para consumo interno de bens ou serviços com saldo negativo na balança comercial), já referida nos avisos dos sistemas de incentivos, mas não pontuada objetivamente no cálculo do mérito.

Fonte: Eurostat (estimativa rápida) e cálculos AEP. 1T 21=1º Trimestre de 2021; 1S 21= 1º semestre de 2021

Fonte: Eurostat e cálculos AEP