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Portugal 2030: prioridades e opções
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

O presidente da AEP dedica a sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo às prioridade e opções para os programas temáticos e regionais do Portugal 2030.

Para Luís Miguel Ribeiro "ainda não tivemos uma reação muito expressiva das políticas públicas" face à transformação da envolvente empresarialos nos últimos seis meses, sendo "crucial o célere e correto apoio das políticas públicas, conforme a AEP propõe, nomeadamente pela alocação e aproveitamento otimizados dos fundos europeus, ajustados às necessidades do país, com predominante aposta nas empresas, na melhoria da sua produtividade e competitividade".

O presidente da AEP sublinha que "este é um momento decisivo, tendo em conta que até meados de setembro (em alguns casos, uma semana antes) estão em consulta pública os programas temáticos e regionais do Portugal 2030".

Leia a coluna:


Portugal 2030: prioridades e opções

Nos últimos seis meses a transformação da envolvente empresarial tem sido enorme. A guerra, a inflação e o consequente aumento das taxas de juro agravaram o contexto de incerteza da pandemia e introduziram maior complexidade ao planeamento e ao normal funcionamento da atividade empresarial.

Ainda não tivemos uma reação muito expressiva das políticas públicas a esta conjuntura, sobretudo exógena, que se junta aos constrangimentos estruturais que continuarão a condicionar a geração de riqueza e o nível de vida relativo de Portugal nos próximos anos.

Volto a enfatizar que é crucial o célere e correto apoio das políticas públicas, conforme a AEP propõe, nomeadamente pela alocação e aproveitamento otimizados dos fundos europeus, ajustados às necessidades do país, com predominante aposta nas empresas, na melhoria da sua produtividade e competitividade. Direcionados para a valorização da indústria (por forma a aproveitar as oportunidades da reorganização das cadeias de abastecimento), a inovação, a internacionalização, a formação, a digitalização e a sustentabilidade, incluindo o apoio a investimentos que permitam mitigar os acréscimos exponenciais dos custos de produção e assim aliviar as pressões inflacionistas.

Atingir em 2030 a meta de 53% na intensidade exportadora (que desejavelmente deveria ser mais ambiciosa, para maior alinhamento com países europeus de dimensão semelhante) requer infraestruturas de suporte à internacionalização competitivas - ferrovia, portos, aeroportos e plataformas logísticas.

O porto de Sines terá um papel relevante na previsível construção do gasoduto para interligação da Península Ibérica à Europa central, com vista a libertar da dependência energética da Rússia. O apoio deve abranger os investimentos previstos para a rede de portos nacionais, designadamente para o porto de Leixões, que serve a região portuguesa com maior vocação industrial e exportadora e com maior excedente comercial na balança de bens.

Este é um momento decisivo, tendo em conta que até meados de setembro (em alguns casos, uma semana antes) estão em consulta pública os programas temáticos e regionais do Portugal 2030. E aqui não posso deixar de sublinhar o facto deste processo de consulta decorrer, em grande parte, naquele que é, por excelência, o período de férias dos portugueses, não sendo a melhor altura para se analisar com o rigor e o detalhe que o assunto merece, sem dúvida da maior relevância para o país e suas regiões.

 
Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 20.08.2022