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O Digital com foco nas pessoas
Um artigo de Luísa Ribeiro Lopes na Revista BOW 34


Um novo capítulo digital para as PME portuguesas - o Digital com foco nas pessoas

A digitalização é tanto um desafio como uma oportunidade para as PME portuguesas. Num mercado global cada vez mais competitivo, a entrada no digital e a adoção de tecnologias como a Inteligência Artificial (IA) deixaram de ser apenas opções, para se tornarem imperativos. Estas ferramentas são hoje medidas-chave para o aumento da produtividade, o reforço da competitividade e a criação de emprego qualificado, permitindo às nossas empresas prosperarem no palco internacional.

As PME são a espinha dorsal da economia portuguesa, representando 99,9% do tecido empresarial e empregando 77% da força de trabalho nacional. O seu sucesso é crucial para o desenvolvimento do país. Falar de transformação digital e do impacto da IA, hoje, parece quase chover no molhado, mas a verdade é que esta onda tecnológica traz inúmeras vantagens, sobretudo ao nível da inovação.

Através da automação de tarefas rotineiras com recurso à IA, os colaboradores podem agora concentrar-se em atividades de maior valor acrescentado, aumentando a eficiência e a produtividade global da empresa. Um estudo da Harvard Business School indica que a implementação de soluções de IA, de forma adequada, pode levar a um aumento de produtividade na ordem dos 40%.

Mais, a IA permite às PME analisar dados de mercado, identificar oportunidades de negócio, otimizar estratégias e personalizar ofertas, para serem mais competitivas, algo que estava só ao alcance das grandes empresas. Num mercado globalizado, onde a concorrência é cada vez mais feroz, a capacidade de adaptação às tendências é fundamental. As PME capazes de utilizar o digital para comunicar com clientes, gerir processos e tornar-se mais ágeis, serão, provavelmente, mais capazes de garantir a satisfação e fidelização dos clientes quer de proximidade, quer em novos mercados.

A par de tudo isto, a digitalização e a IA criam novas oportunidades de emprego em áreas como a análise de dados, a programação e a gestão de sistemas, contribuindo para a qualificação da nossa força de trabalho. Prevê-se que esta tecnologia seja responsável pela criação, nos próximos anos, de 401 mil novos empregos em Portugal. Mais do que recear o número de postos de trabalho que poderão ser automatizados ou perdidos, o que também vai acontecer em percentagem apesar de tudo mais reduzida, importa focar nas oportunidades que serão criadas e fazer jogar a favor das pessoas e da sua qualidade de vida. O foco de políticas públicas e práticas privadas devem ser as pessoas, preparando-as para poderem aproveitar as vantagens da revolução digital.

Por isso, no centro da transformação digital das PME portuguesas tem que estar um investimento nas competências digitais dos seus colaboradores. Afinal, as nossas empresas serão tão digitais quanto forem as nossas pessoas. É fundamental apostar na formação e capacitação, incentivar os colaboradores a aprender a trabalhar com novas ferramentas, a experimentar e a inovar.

Segundo o Estudo da Economia Digital, cujos últimos resultados foram apresentados no passado mês de outubro, apenas 40% das microempresas em Portugal têm uma presença na Internet, e no total do tecido empresarial nacional, cerca de 30% das empresas não têm site próprio. O .PT está empenhado em apoiar as empresas nesta jornada de transformação digital. Através de iniciativas como o 3em1.pt, o ComércioDigital.pt ou o Rampa Digital, disponibilizamos recursos e ferramentas que ajudam as empresas a construir uma presença online forte e a explorar as oportunidades do mercado digital.

Com o pontodigital.pt disponibilizamos um repositório nacional da formação digital adequada a cada profissional. Com o foco sempre nas pessoas que fazem as empresas e o país.

Quando me pedem para falar de Inteligência Artificial, sinto que estamos já não numa tendência tecnológica, mas numa ferramenta essencial e imprescindível no nosso dia a dia. E no que se refere às empresas, estamos a falar do seu crescimento e da sua internacionalização.

Ao abraçarmos estas tecnologias e ao investirmos nas competências digitais das nossas pessoas, estamos a construir um futuro mais próspero e competitivo para o país. É um desafio que devemos enfrentar com coragem, determinação e confiança no potencial das nossas PME, para conseguirmos, em conjunto, virar a página e abraçar este novo capítulo, sempre e sem esquecer o bem-estar social. Queremos um espaço digital seguro, confiável, livre e democrático onde todas e todos possam viver melhor.

Luísa Ribeiro Lopes, Presidente do .PT
In Revista BOW 34 – A Inteligência Artificial e a Internacionalização
 
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2025.05.13