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Alemanha, novamente na rota do crescimento
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo
O presidente do CA da AEP evidencia a importância das eleições na Alemanha e a vitória de Friedrich Merz para a economia europeia e portuguesa, na sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo.
De acordo com Luís Miguel Ribeiro, "conseguir que a Alemanha volte a ter uma economia pujante, com um efeito de arrastamento na economia europeia como um todo, será muito importante para Portugal. A Europa é destino de mais de 70% das exportações portuguesas de bens e a Alemanha é agora o nosso segundo principal parceiro comercial".
Leia a coluna na íntegra:
Alemanha, novamente na rota do crescimento
Recolocar a maior economia da União Europeia na rota do crescimento é o propósito de Friedrich Merz, o próximo chanceler alemão, que venceu as eleições legislativas antecipadas. Tem, ainda, como propósito reforçar a importância da Europa no cenário internacional, num contexto geopolítico e geoestratégico complexo.
O modelo económico alemão foi muito afetado pela invasão da Rússia à Ucrânia, face à dependência de energia proveniente da Rússia, com reflexo na subida do preço dos bens energéticos. Junta-se a concorrência feroz da China na indústria automóvel, um setor muito relevante para a Alemanha e a União Europeia. A perda de competitividade surge pela forte aposta da China neste setor, bem como pelo atraso em termos de inovação sentido em geral no setor automóvel alemão e europeu, como apontado no relatório Draghi.
Indicadores como o Purchasing Managers' Index (PMI) da indústria da Alemanha – que engloba dados da produção, encomendas, emprego e stock de matérias-primas, entre outros – demonstra que a atividade industrial na Alemanha deverá continuar a atravessar dificuldades nos próximos tempos.
Conseguir que a Alemanha volte a ter uma economia pujante, com um efeito de arrastamento na economia europeia como um todo, será muito importante para Portugal. A Europa é destino de mais de 70% das exportações portuguesas de bens e a Alemanha é agora o nosso segundo principal parceiro comercial (cliente e fornecedor, depois da vizinha Espanha). A subida à segunda posição no ranking dos clientes internacionais ocorreu no ano passado, em resultado do aumento expressivo das vendas para este mercado (+17,8%). Três quartos do crescimento global das exportações portuguesas de bens assentou num único mercado, precisamente o alemão, apesar de enfrentar uma recessão.
Para além da questão estritamente económica, os resultados eleitorais mostram claramente a relevância da questão demográfica. A imigração, vista pelos eleitores como um assunto controverso, é um desafio para a Alemanha (tal como é para Portugal), perante as necessidades de investimento acrescidas, uma taxa de desemprego inferior a 4% e um índice de envelhecimento que é o quinto mais elevado da União Europeia (Portugal é o segundo). O desafio demográfico tem de ser visto em termos globais, a nível europeu, especialmente a questão da imigração, que é necessária, mas tem de ser, como por diversas vezes tenho referido, com políticas adequadas.
Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 28.02.2025
De acordo com Luís Miguel Ribeiro, "conseguir que a Alemanha volte a ter uma economia pujante, com um efeito de arrastamento na economia europeia como um todo, será muito importante para Portugal. A Europa é destino de mais de 70% das exportações portuguesas de bens e a Alemanha é agora o nosso segundo principal parceiro comercial".
Leia a coluna na íntegra:
Alemanha, novamente na rota do crescimento
Recolocar a maior economia da União Europeia na rota do crescimento é o propósito de Friedrich Merz, o próximo chanceler alemão, que venceu as eleições legislativas antecipadas. Tem, ainda, como propósito reforçar a importância da Europa no cenário internacional, num contexto geopolítico e geoestratégico complexo.
O modelo económico alemão foi muito afetado pela invasão da Rússia à Ucrânia, face à dependência de energia proveniente da Rússia, com reflexo na subida do preço dos bens energéticos. Junta-se a concorrência feroz da China na indústria automóvel, um setor muito relevante para a Alemanha e a União Europeia. A perda de competitividade surge pela forte aposta da China neste setor, bem como pelo atraso em termos de inovação sentido em geral no setor automóvel alemão e europeu, como apontado no relatório Draghi.
Indicadores como o Purchasing Managers' Index (PMI) da indústria da Alemanha – que engloba dados da produção, encomendas, emprego e stock de matérias-primas, entre outros – demonstra que a atividade industrial na Alemanha deverá continuar a atravessar dificuldades nos próximos tempos.
Conseguir que a Alemanha volte a ter uma economia pujante, com um efeito de arrastamento na economia europeia como um todo, será muito importante para Portugal. A Europa é destino de mais de 70% das exportações portuguesas de bens e a Alemanha é agora o nosso segundo principal parceiro comercial (cliente e fornecedor, depois da vizinha Espanha). A subida à segunda posição no ranking dos clientes internacionais ocorreu no ano passado, em resultado do aumento expressivo das vendas para este mercado (+17,8%). Três quartos do crescimento global das exportações portuguesas de bens assentou num único mercado, precisamente o alemão, apesar de enfrentar uma recessão.
Para além da questão estritamente económica, os resultados eleitorais mostram claramente a relevância da questão demográfica. A imigração, vista pelos eleitores como um assunto controverso, é um desafio para a Alemanha (tal como é para Portugal), perante as necessidades de investimento acrescidas, uma taxa de desemprego inferior a 4% e um índice de envelhecimento que é o quinto mais elevado da União Europeia (Portugal é o segundo). O desafio demográfico tem de ser visto em termos globais, a nível europeu, especialmente a questão da imigração, que é necessária, mas tem de ser, como por diversas vezes tenho referido, com políticas adequadas.
Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 28.02.2025