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A Europa está em crise! E agora?
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

O presidente do CA da AEP defende, na sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo, a aposta na indústria e a diversificação dos mercados de exportação para países fora da União Europeia, sobretudo num momento em que os nossos principais parceiros comerciais enfrentam alguns problemas.

De acordo com Luís Miguel Ribeiro, "num contexto de conjuntura internacional desfavorável, sobretudo nos nossos principais parceiros comerciais, a estratégia de reforço de diversificação dos mercados de destino das exportações, para países fora da União Europeia, como a AEP tem vindo a defender e a apoiar, nomeadamente com o seu programa de promoção externa BOW – Business On the Way, faz ainda mais sentido".

Leia a coluna na íntegra:


A Europa está em crise! E agora?

Desde há alguns anos, tenho vindo a defender a necessidade de apostar na indústria e reforçar o grau de internacionalização da economia portuguesa.

Num contexto de conjuntura internacional desfavorável, sobretudo nos nossos principais parceiros comerciais, a estratégia de reforço de diversificação dos mercados de destino das exportações, para países fora da União Europeia, como a AEP tem vindo a defender e a apoiar, nomeadamente com o seu programa de promoção externa BOW – Business On the Way, faz ainda mais sentido.

Devemos refletir e perceber porque é que não assumimos uma verdadeira aposta na indústria e no reforço da diversificação dos mercados?

Basta prestar a atenção a alguns números. O nosso principal parceiro comercial – a União Europeia – continua a manter um peso significativo nas exportações de bens, à volta de 70%. Tal, não constituiria um problema se estivéssemos perante um mercado fortemente dinâmico. Infelizmente, não é o caso. Apesar de se prever que a economia europeia prossiga o seu processo de recuperação, continuará a crescer de forma medíocre, abaixo dos 2%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta 1,6% para 2025 e 1,7% para 2026, após pouco mais de 1% estimados para este ano e 0,6% observados em 2023. São valores bastante inferiores ao crescimento económico médio mundial (3,2% em 2025 e 2026, segundo o FMI). 

Nos números, como sempre, importa os detalhes. Olhe-se para a perspetiva da atividade económica dos nossos principais parceiros da União Europeia.

A França, o segundo cliente, regista um modesto crescimento (1,1% em 2025), ao qual se junta a instabilidade política e o severo desequilíbrio das contas públicas. A Alemanha, o terceiro cliente, enfrenta sérias dificuldades na sua economia, e apesar de se prever uma fase de recuperação, o crescimento deverá situar-se abaixo de 1%.

Além disso, é provável que Espanha (principal cliente) e os EUA (o quarto maior cliente e o primeiro fora da Europa) observem algum abrandamento das suas economias em 2025.

Estes quatro países representam, em conjunto, mais de metade do total das exportações portuguesas de bens (56%, no ano passado). 

Apesar do clima volátil e incerto, com um acentuar de políticas protecionistas que comprometem as trocas comerciais, o comércio internacional deve continuar a ser visto como fonte de prosperidade, sobretudo para países com um mercado de dimensão limitada, como é Portugal. 

Diversificar é um imperativo! 

Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 07.12.2024