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No Natal e à mesa... duas presenças indesejadas
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

Na sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo, na véspera de Natal, o presidente da AEP escreve sobre duas presenças não desejadas e não convidadas com as quais os portugueses este ano partilham a quadra festiva: inflação e taxas de juro.

"Não foram estes os convidados que os portugueses escolheram para ter às suas mesas!", refere Luís Miguel Ribeiro no seu artigo que poderá ler abaixo:


No Natal e à mesa…

Véspera de Natal! O dia que reúne milhões de famílias portuguesas à mesa do tradicional jantar de Natal. Uma mesa que se quer repleta de iguarias desta época festiva, entre o fiel amigo bacalhau, o azeite, os legumes, o peru, as rabanadas, a aletria, os frutos secos, o bolo-rei, o bom vinho e muitas outras...

Porém, este ano, os portugueses vão partilhar as suas mesas com duas presenças não desejadas. Não foram convidadas e vieram para aumentar o custo de vida e "mingar" a presença de muita coisa nas mesas de todos nós: inflação e taxas de juro.

Não foram estes os convidados que os portugueses escolheram para ter às suas mesas!

A perda de poder de compra atinge principalmente as famílias mais vulneráveis, mas estende-se também às restantes, sobretudo as pertencentes à dita classe média, que tendencialmente estão cada vez mais próximas das da classe de rendimentos líquidos mais baixos.

Para se perceber o impacto do custo de vida, temos assistido a uma multiplicidade de cálculos, que demonstram de forma muito objetiva o agravamento acentuado dos preços dos produtos do cabaz da mesa de Natal, que em regra tiveram subidas bem acima do valor global da inflação.

Com vista à mitigação dos efeitos do aumento extraordinário do preço dos bens alimentares, o Governo aprovou um novo apoio extraordinário para as famílias mais vulneráveis, de 240 euros.

É uma medida positiva para as famílias com maior dificuldade e onde o impacto da inflação mais se faz sentir. Contudo, cobre apenas uma franja da população, pelo que será manifestamente insuficiente. Tal como são insuficientes as medidas de apoio que têm sido dirigidas às empresas, mesmo perante a situação mais desafogada das contas públicas, face ao inicialmente previsto, pelo benefício da escalada da inflação nas receitas do Estado.

Continuo a defender que a melhor forma de atender financeira e duradouramente às preocupações sociais sem hipotecar o futuro é através da melhoria substancial e sustentável do nível de desenvolvimento do nosso país, o que remete para o importante papel das empresas e a melhoria da sua produtividade e competitividade internacional, onde as políticas públicas devem proporcionar, de uma vez por todas, um ambiente mais favorável - algo que está ao seu alcance, porque os riscos de natureza externa não os podem controlar.

Aos leitores do Dinheiro Vivo e a toda a equipa que o produz desejo um feliz Natal. Como só nos voltamos a encontrar em 2023 entrem com o "pé direito" no novo ano.

Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 24.12.2022