Envolvente Empresarial - Newsletter

Newsletter Envolvente Empresarial - junho 2022

Newsletter Envolvente Empresarial - junho 2022

A Envolvente Empresarial - Síntese de Conjuntura de junho mostra um forte crescimento nominal das exportações, tanto nos bens (subida homóloga de 18% de janeiro a abril) como nos serviços (80%), onde a dinâmica é ainda maior devido a um efeito de recuperação para os níveis pré-pandemia, em particular no turismo (267%), a componente com maior peso.

Contudo, parte da subida das exportações deve-se a um efeito preço (devido à subida da inflação) e há riscos sérios de perda de dinamismo desta componente tão importante para a evolução sustentada do PIB, embora também haja oportunidades que é preciso aproveitar.

Nas recentes projeções do FMI para Portugal (consultas anuais ao abrigo do Artigo IV da instituição), divulgadas no final de junho, está previsto um crescimento real do PIB de 5,8% em 2022 e apenas 1,9% em 2023, valores acima das projeções de maio (4,5% e 2,0%, respetivamente), mas inferiores aos divulgados também em junho pelo Banco de Portugal (6,3% e 2,6%), BdP.

Para o menor otimismo relativo do FMI quanto à dinâmica do PIB contribuem as perspetivas menos favoráveis quanto às exportações nos dois anos (variação real de 7,2% em 2022 e apenas 2,5% em 2023, face a 13,4% e 5,8% nas projeções do BdP) e relativamente ao consumo privado em 2022 (3,4% vs. 5,2% na previsão do BdP) e ao investimento em 2023 (1,3% vs. 7,6% no valor de FBCF do BdP).
A queda da confiança dos consumidores portugueses após a guerra na Ucrânia, para níveis próximos aos registados no início da pandemia (devido à perda de poder de compra com os níveis históricos de inflação, que terá atingido 8,7% em junho, o máximo desde dez-92), parece suportar o menor otimismo do FMI relativamente ao consumo privado.

A menor dinâmica esperada das exportações deverá refletir uma estimativa inferior da procura externa (sobretudo ao nível dos bens) devido à guerra na Ucrânia face à usada pelo BdP (a que se poderá ainda juntar um eventual menor otimismo do FMI quanto às quotas de mercado de bens e serviços), que poderá também justificar a pior perspetiva de evolução do investimento em 2023.

O peso das exportações no PIB atingiu um novo máximo de 47,1% no 1º trimestre, já significativamente acima do valor pré-pandemia (43,9% no 4º trimestre de 2019), em resultado de uma rápida recuperação após a queda abrupta para 30,3% no 2º trimestre de 2020 (recuando para o nível de 2010) face às restrições à atividade para conter a pandemia. A melhoria da intensidade exportadora face ao nível pré-pandemia tem origem nos bens (32,6% no 1º trimestre de 2022, face a 29,5% no 4º trimestre de 2019), já que nos serviços só agora se atingiu o nível pré-pandemia (14,5% no 1º trimestre).

Em particular, a dinâmica do turismo estará a contribuir significativamente para o crescimento económico este ano, devido a um efeito de recuperação face à pandemia e à distância do cenário de guerra. Este é, seguramente, um dos fatores que deve pressionar a decisão de termos boas infraestruturas de transporte, nomeadamente aéreo.

Por outro lado, as oportunidades de reindustrialização – que tendem a promover a intensificação das exportações de bens – acentuam-se neste novo quadro, mas é preciso criar um quadro de políticas nacionais que favoreça esse desígnio, como preconizado no Programa Estratégico para a Valorização da Indústria Portuguesa (Portugal Industrial: PT i5.0) proposto pela AEP. Também aqui, a questão das infraestruturas, designadamente a ferrovia para o transporte de mercadorias, é crucial.

A “Envolvente Empresarial - Síntese de Conjuntura” é uma publicação mensal com os principais dados e indicadores relativos à atividade económica, desenvolvida conjuntamente pela AEP, AIP e CIP. Inclui duas separatas de indicadores, uma para Portugal e outra para a Área Euro.
 
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