Envolvente Empresarial - Newsletter

Newsletter Envolvente Empresarial - dezembro 2022

Newsletter Envolvente Empresarial - dezembro 2022

A Envolvente Empresarial - Síntese de Conjuntura de dezembro dá conta dos primeiros sinais da redução da inflação em Portugal e na Área Euro, confirmados por dados mais recentes.

Segundo o INE, a inflação média anual oficial em Portugal, medida pelo IPC (Índice de Preços no Consumidor), foi de 7,8% em 2022, o máximo desde 1992 (e muito acima do valor de 1,3% em 2021), mas já com uma redução da inflação homóloga nos últimos dois meses do ano.

Essa redução ocorreu também no IHPC (Índice Harmonização de Preços no Consumidor), que permite a comparação com os outros países europeus. A inflação homóloga de Portugal medida pelo IHPC, depois de atingir 10,6% em outubro (um máximo de muitos anos), reduziu-se para 10,1% em novembro e 9,2% em dezembro. Na Área Euro (AE), a redução foi um pouco superior, permitindo valores um pouco mais baixos de inflação homóloga (10,1% em novembro e 9,2% em dezembro, após 10,6% em outubro, o mesmo valor que em Portugal).

Nos EUA, o aumento (historicamente) muito rápido e intenso das taxas de juro diretoras da Reserva Federal começou a produzir frutos há mais tempo, pois o mês de dezembro foi já o sexto seguido de queda da inflação homóloga (para 6,5%, face a 9,2% na AE, com a ressalva de que os índices de preços não são totalmente comparáveis). Ou seja, os EUA estarão cerca de quatro meses à frente da Área Euro no processo de desinflação rumo ao objetivo de 2% de inflação no médio prazo, comum à Fed e ao BCE, que começou mais atrasado e terá ainda um caminho a percorrer no aperto das condições monetárias, naturalmente tendo em conta a evolução e condições da economia da AE, que é menos flexível do que a dos EUA.

Regressando à evolução da inflação em Portugal, tão importante na dinâmica do poder de compra das famílias e do consumo privado nesta altura, os sinais são positivos no que se refere à sustentação do processo de desinflação num futuro próximo, mas com uma natural incerteza inerente à conjuntura adversa, marcada sobretudo pela guerra na Ucrânia.

A um nível interno, o crescimento homólogo do IPPI (Índice de Preços na Produção Industrial), um indicador avançado de inflação, reduziu-se pelo quinto mês consecutivo em novembro (para 14,1%). De realçar ainda o mais recente inquérito de conjuntura às empresas e aos consumidores do INE, que mostrou um recuo das expectativas sobre a evolução dos preços nos meses de novembro e dezembro, tanto por parte dos consumidores como das empresas (neste caso, quanto às apreciações sobre os preços de venda futuros), embora prosseguindo ainda em níveis historicamente elevados. 

Na frente externa, o recuo dos preços da energia nos últimos meses – em face da adaptação e redução da dependência da UE face à energia russa e ao inverno “pouco frio” – tem também favorecido o processo de desinflação, mas há uma elevada incerteza quanto ao desejável prolongamento desse movimento em face da guerra. Por outro lado, o fim da estratégia de zero casos Covid-19 na China, embora possa no curto prazo prolongar ou até intensificar os problemas da oferta chinesa, a médio e longo prazos tenderá a resolvê-los e reduzir a inflação.

A Envolvente Empresarial - Síntese de Conjuntura é uma publicação mensal com os principais dados e indicadores relativos à atividade económica, desenvolvida conjuntamente pela AEP, AIP e CIP. Inclui duas separatas de indicadores, uma para Portugal e outra para a Área Euro.
 
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