Envolvente Empresarial – Análise de Conjuntura

Envolvente Empresarial - 2.º Trimestre 2025

Envolvente Empresarial - 2.º Trimestre 2025

A mais recente Envolvente Empresarial - Análise de Conjuntura evidencia o abrandamento da economia portuguesa num contexto internacional de políticas comerciais restritivas e desaceleração global. Na Área Euro, a inflação e as taxas de juro mantiveram a trajetória descendente, enquanto o euro registou uma valorização significativa face ao dólar.

No primeiro trimestre de 2025 o PIB a preços constantes abrandou para 1,6%, face ao período homólogo - e retraiu 0,5% em cadeia - impulsionado integralmente pela Procura Interna (3,5 p.p.), visto que o contributo da Procura Externa Líquida foi negativo (-2,0 p.p.), assim como ocorrido em todos os trimestres de 2024.

No Boletim Económico de Junho, o BdP prevê que a economia portuguesa abrande de 1,9% em 2024 para 1,6% em 2025, o que contrasta com a anterior projeção do Boletim Económico de Março, que projetava uma aceleração do crescimento económico para 2,3% em 2025.

Em junho, o Banco Mundial reviu em baixa, para 2,3%, o crescimento do PIB global em 2025. Para 2026, as previsões do Banco Mundial para o crescimento da economia mundial também foram revistas em baixa, em 0,3 pontos percentuais face aos valores projetados em janeiro, para 2,4%.

A revisão em baixa generalizada das projeções do Banco Mundial para os mercados analisados na Envolvente, da qual apenas se exclui a China, o Brasil e a Argentina, deve-se sobretudo à política comercial protecionista iniciada pelos Estados Unidos da América e afeta principalmente os mercados mais expostos ao comércio internacional, nomeadamente a Área do Euro.

Relativamente à demografia empresarial,  no primeiro semestre de 2025, a criação líquida de empresas aumentou 1,1% em termos homólogos, devido a uma queda dos nascimentos inferior à redução dos encerramentos, o que levou a um incremento do rácio de nascimentos por encerramento (de 4,2 no primeiro trimestre de 2024 para 5,6).

Os dados do comércio internacional de bens, refletem uma melhoria nas trocas comerciais com o exterior nos primeiros cinco meses do ano, tendo as exportações e importações de bens registado um crescimento homólogo de 3,7% e 7%, respetivamente. Nos serviços, entre janeiro e abril, as exportações continuaram a crescer acima das importações (5,6% e 2,6%, respetivamente). 

Relativamente à política monetária, nas reuniões de abril e junho, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu realizar cortes de 25 pontos base nas três taxas de juro diretoras. Em resultado destes cortes, no mês de junho, as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de depósito, às operações principais de refinanciamento e à facilidade permanente de cedência de liquidez caíram para 2%, 2,15% e 2,40%, respetivamente.  Nas reuniões do segundo trimestre, a Reserva Federal voltou a decidiu manter as taxas de juro diretoras “FED Funds” no intervalo de 4,25% a 4,5%, tal como no primeiro trimestre.

No segundo trimestre de 2025, as taxas Euribor a 3 e 6 meses mantiveram a tendência descendente, refletindo a confiança dos mercados sobre o controlo da inflação na Área Euro e antecipando novos cortes nas taxas diretoras pelo BCE até ao final do ano. De destacar que a taxa Euribor a 12 meses também diminuiu no segundo trimestre, embora a menor ritmo, o que levou a que, em junho, fosse superior às taxas Euribor a 3 e 6 meses.

A taxa de inflação homóloga de Portugal (medida pelo IHPC) abrandou para 2% no segundo trimestre de 2025. Na Área Euro a inflação também desacelerou, para 2% no segundo trimestre, já dentro dos valores definidos pelo Banco Central Europeu para o médio prazo. Nos EUA, a taxa de inflação abrandou para 2,5% no segundo trimestre de 2025. Contudo, importa destacar que a inflação acelerou de abril até junho (2,3% em abril, 2,4% em maio e 2,7% em junho), refletindo já, muito provavelmente, a o impacto da política comercial dos EUA.

No que se refere ao câmbio, no mesmo período, a cotação média do euro face ao dólar situou-se em 1,1388, o que corresponde a uma apreciação da moeda única de 7,7% face ao primeiro trimestre de 2025 e de 5,3% face ao segundo trimestre de 2024. No mês de junho, o euro cotou-se em média em 1,522 dólares, o valor mais alto desde outubro de 2021.

No segundo trimestre de 2025, observaram-se desvalorizações nos principais índices de preços das matérias-primas. O índice da energia, da agricultura e dos metais base desvalorizaram 11,3%, 4,4% e 2%, respetivamente.

No primeiro trimestre de 2025,  o preço do gasóleo antes de impostos diminuiu 11,4% face ao período homólogo do ano anterior, porém o preço de venda final reduziu apenas 2,7%, refletindo o aumento dos impostos sobre os combustíveis. 

No que se refere ao equilíbrio externo, nos primeiros quatro meses de 2025, o excedente da balança corrente e de capital diminuiu mais de 50% face ao período homólogo (de 2,7 mil M€ para 1,3 mil M€). Esta evolução do saldo externo refletiu a deterioração do excedente da balança corrente, devido ao aumento dos défices da balança de bens e da balança de rendimentos primários.  

Por último, o rácio no PIB da dívida bruta não consolidada do Setor não financeiro recuou no final de 2024 face ao final de 2023, uma situação transversal ao Setor público não financeiro, às Sociedades não financeiras privadas e aos Particulares. Relativamente às Sociedades não financeiras privadas, é de destacar que, excluindo as Sedes sociais, a redução da alavancagem foi comum a todas as dimensões – desde microempresas a grandes empresas.

Veja os dados destacados pela AEP 

A Envolvente Empresarial - Análise da Conjuntura é uma publicação trimestral desenvolvida conjuntamente pela AEP, AIP e CIP, com informação detalhada da evolução da atividade económica e de outros indicadores, incluindo ainda uma seleção de aspetos relevantes do enquadramento nacional e internacional.
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