Envolvente Empresarial – Análise de Conjuntura

Envolvente Empresarial - 2º Trimestre 2022

Envolvente Empresarial - 2º Trimestre 2022

A mais recente Envolvente Empresarial - Análise de Conjuntura, relativa ao segundo trimestre de 2022, dá destaque ao nível historicamente elevado de inflação, que aumentou para 9,1% já em julho (após 8,7% em junho, valores medidos pelo Índice de Preços no Consumidor, IPC), um máximo de quase 30 anos, uma situação que penaliza o poder de compra das famílias e o consumo, rubrica que já terá contribuído para a redução trimestral de 0,2% do PIB em volume no 2º trimestre (levando a um forte abrandamento em termos homólogos, de 11,8% para 6,9%), segundo dados preliminares recentes do INE (com avaliação ainda apenas qualitativa quanto à evolução das componentes).

Contudo, apesar do valor historicamente elevado da inflação no consumidor, é muito inferior ao registado junto do produtor, significando que as empresas estão a comprimir fortemente as suas margens, o que a prazo não é sustentável e pode levar a falências, sobretudo nos setores mais afetados pelas subidas dos custos.
Uma análise detalhada desses dados mostra que, em junho, enquanto a inflação homóloga ao consumidor foi de 8,7%, junto do produtor situou-se em 25,7% (16,2% sem o agrupamento da energia, dados relativos ao índice de preços na produção industrial, IPP), o máximo da série (iniciada em janeiro de 2010), com variações muito acima da média em vários setores (CAE a dois dígitos): 63,6% no agrupamento da energia (no qual 29,6% no ramo de eletricidade, gás e vapor); 28,4% nas indústrias alimentares e 28,9% nos produtos químicos.

Dados mais detalhadas para o mercado nacional (subida 27,3%, 19,5% sem o agrupamento da energia, onde o aumento foi de 52,4%), mostram variações homólogas ainda mais acentuadas em setores específicos, recorrendo a CAE a três dígitos:
  • 103-Preparação e conservação de frutos e de produtos hortícolas: 74,0%
  • 131-Preparação e fiação de fibras têxteis: 31,2%;
  • 201-Fabricação de produtos químicos de base, adubos e compostos azotados, matérias plásticas e borracha sintética, sob formas primárias: 39,1%
  • 202-Fabricação de pesticidas e de outros produtos agroquímicos: 81,7%
  • 243-Outras atividades da primeira transformação do aço: 33,4%
  • 244-Obtenção e primeira transformação de metais preciosos e de outros metais não ferrosos: 31,6%.

No mercado externo (22,8%, 11,2% sem o agrupamento da energia), as subidas mais fortes dos preços na produção são no agrupamento da energia (99,1%) e metais de base (33,1%).  

O governo pode fazer muito mais para apoiar as empresas e as famílias mais afetadas, sobretudo pela via da redução de impostos (ao nível do IRC, IRS, IVA de alguns produtos essenciais e reforço do desagravamento do ISP), pois a carga fiscal já estava num máximo histórico e as receitas fiscais estão agora a crescer muito acima do previsto (subida de 28,1% no primeiro semestre, em termos homólogos; dados em Contabilidade Pública) devido ao valor de inflação muito acima da meta orçamental, o que está a gerar um significativo excedente orçamental, a par com a redução do investimento público (queda de -10%), cujo baixo grau de execução a AEP já tinha vindo a alertar, em particular ao nível do PRR.

Veja os dados destacados pela AEP nesta publicação

A Envolvente Empresarial - Análise da Conjuntura é uma publicação trimestral desenvolvida conjuntamente pela AEP, AIP e CIP, com informação detalhada da evolução da atividade económica e de outros indicadores, incluindo ainda uma seleção de aspetos relevantes do enquadramento nacional e internacional.

 
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