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Demografia: estatísticas exigem ação imediata!
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

Na sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo, o presidente da AEP volta ao tema da dinâmica demográfica "pelas implicações diretas - e preocupantes - que tem no mercado de trabalho e na atividade empresarial".

Para Luís Miguel Ribeiro "o país precisa de uma política de imigração adequada e, de forma mais ampla, de uma estratégia correta para lidar com as demais (e urgentes) questões demográficas: envelhecimento, baixa natalidade e falta de mão-de-obra a curto, médio e longo prazos".

Leia a coluna:

Demografia: estatísticas exigem ação imediata!

Volto ao tema da dinâmica demográfica, pelas implicações diretas – e preocupantes – que tem no mercado de trabalho e na atividade empresarial.

Vale a pena olharmos para os números da última década. Portugal registou um decréscimo de 2,1% da população residente, a segunda quebra desde o ano em que se realizou o primeiro Recenseamento Geral da População (em 1864), a primeira tinha ocorrido nos Censos de 1970, como resultado da elevada emigração verificada na década de sessenta. 

Nos últimos dez anos, a população estrangeira teve um crescimento muito significativo (37%), representando já mais de 5% da população total residente, com destaque para o aumento em algumas comunidades, nomeadamente do Nepal (12,8%) e do Bangladesh (9,7%).

A baixa natalidade e o aumento da longevidade têm-se refletido na alteração da pirâmide etária, pelo estreitamento da base e alargamento nas idades mais avançadas. Certo é que, em todos os escalões etários até aos 39 anos, a população decresceu. Em contrapartida, todos os grupos etários acima dos 44 anos aumentaram a sua importância relativa, com a percentagem de população idosa (65 e mais anos) a representar mais de um quinto (23,4%), enquanto a de jovens (0-14 anos) apenas 12,9%.

O índice de envelhecimento subiu mais de 140%, tendo-se agravado o índice de rejuvenescimento da população ativa. Significa que, potencialmente, por cada 100 pessoas que saem do mercado de trabalho, apenas ingressam 76. Em 2011 era de 94, já abaixo do valor que permite assegurar a reposição da população em idade ativa. Também se agravou o índice de sustentabilidade, que desceu de um valor de 347 pessoas com idades entre os 15 e os 64 anos por cada 100 pessoas com 65 ou mais anos, para apenas 272 pessoas.

São estatísticas que devem preocupar toda a sociedade, que exigem reflexão, mas, sobretudo, ação imediata! 

Para refletir sobre o tema, a Fundação AEP acolheu, esta semana, um jantar debate: “Dinâmicas e tendências demográficas em Portugal.  Que desafios e tendências para o futuro do país?”, organizado pelo Núcleo Distrital Porto da SEDES.

O país precisa de uma política de imigração adequada e, de forma mais ampla, de uma estratégia correta para lidar com as demais (e urgentes) questões demográficas: envelhecimento, baixa natalidade e falta de mão-de-obra a curto, médio e longo prazos.

Reafirmo, as pessoas são a solução, não o problema.
Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 21.01.2023