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Alerta: competitividade em queda
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

Na sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo, o presidente da AEP alerta para a preocupante queda da competitividade da economia portuguesa, evidenciando o facto de Portugal ter descido num só ano seis posições. 

A fonte de preocupação "reside, sobretudo, por esta queda ter a ver com a não resolução de causas estruturais da economia e não tanto como o resultado de aspetos conjunturais", destacando a política fiscal onde mantemos uma das piores posições.

"Os constrangimentos e os caminhos a seguir estão perfeitamente identificados", sublinha Luís Miguel Ribeiro, acrescentando que "importa as políticas, fazendo o bom uso da generosa dotação de fundos europeus para a década".


Leia a coluna:


Alerta: competitividade em queda

Num relatório que avalia o ranking internacional de competitividade, Portugal desceu num só ano seis posições, o que é muito preocupante. 

É verdade que nesta evolução não podemos dissociar os fortes impactos da pandemia, face à maior dependência relativa do turismo – setor amplamente afetado.
A fonte de preocupação reside, sobretudo, por esta queda ter a ver com a não resolução de causas estruturais da economia e não tanto como o resultado de aspetos conjunturais.

Destaco a política fiscal, onde mantemos uma das piores posições (56ª). Ou seja, em mais de 60 países só há sete pior classificados. 

Como insistentemente tenho alertado, a elevada carga fiscal sobre as empresas e as famílias conduz à menor atratividade de investimento (nacional e estrangeiro), à redução do rendimento líquido disponível (agora agravado pela inflação galopante) e à menor capacidade de atração e retenção de talento, tão essencial ao país.

A “receita” para melhorar a competitividade está alinhada com aquilo que a AEP defende e reafirma no recente estudo “Do Pré ao Pós Pandemia: Os novos desafios”, nomeadamente a necessidade de promover um crescimento sustentável do PIB acima da média europeia e dos seus pares, através de estratégias nacionais que melhorem o empreendedorismo e as competências, que estimulem as transformações digital e energética, que saibam lidar com o desafio demográfico, pelas implicações diretas no mercado de trabalho. Também, a reforma do setor público, designadamente na Justiça e a garantia de um nível sustentável de dívida.

Fazendo o benchmarking internacional, os constrangimentos e os caminhos a seguir estão perfeitamente identificados. Importa as políticas, fazendo o bom uso da generosa dotação de fundos europeus para a década. 

Reafirmo a convicção quanto à desejável alocação de cerca de 60% dos fundos europeus aos principais criadores de riqueza: as empresas, por forma a melhorar a produtividade e, por essa via, o rendimento médio do país, a condição que permitirá praticar melhores salários, dada a forte correlação entre estas variáveis. De outro modo, continuaremos a perder competitividade!

Como realça o estudo da Fundação José Neves “O Estado da Nação-Educação – Emprego – Competências 2022”,
“o aumento da produtividade das empresas portuguesas e da economia é crucial, para que os salários médios possam crescer e acompanhar o aumento de qualificações, limitando assim a saída de talento para o estrangeiro”.

Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 25.06.2022