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A “fórmula” que está a abanar o mundo
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo
O presidente do CA da AEP dedica a sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo à "'fórmula' que está a abanar o mundo", usada por Donal Trump para justificar a aplicação, a cada país ou bloco económico, de tarifas sobre os produtos importados.
"Paira uma elevada incerteza quanto à magnitude dos efeitos desta 'guerra comercial', onde os visados enfrentarão maiores custos para exportar para os EUA", refere Luís Miguel Ribeiro, evidenciando o caso da União Europeia, "particularmente exposta ao mercado norte-americano" e também a economia portuguesa, onde "aos impactos diretos devemos somar os indiretos, pela via dos amplos efeitos sobre a União Europeia, mercado para onde dirigimos mais de 70% das nossas exportações", requerendo uma "redobrada atenção das políticas públicas".
Leia a coluna na íntegra:
A “fórmula” que está a abanar o mundo!
A fórmula que Trump usou para justificar a aplicação, a cada país ou bloco económico, de tarifas sobre os produtos importados - num rácio que relaciona o défice comercial dos Estados Unidos da América (EUA) com o total das importações (ponderadas por “elasticidades económicas”), surpreendeu todos e foi alvo de fortes críticas.
Esta espécie de “Índice de Dependência Externa”, com o intuito de defender que os desequilíbrios da balança comercial dos EUA com determinados países ou blocos eram prova de que estavam a ser “explorados” e, por isso, era necessário impor tarifas para "corrigir" tal “injustiça”, está a abanar a economia mundial. A imposição de tarifas tende a gerar retaliações (como está a acontecer), criando um ciclo de tensões comerciais que prejudica o crescimento global. Os impactos já se fizeram sentir, veja-se a turbulência vivida nos mercados financeiros.
Paira uma elevada incerteza quanto à magnitude dos efeitos desta “guerra comercial”, onde os visados enfrentarão maiores custos para exportar para os EUA. É o caso da União Europeia, particularmente exposta ao mercado norte-americano. Os EUA são o seu principal cliente e o seu segundo fornecedor. Para Portugal, os EUA são o quarto principal cliente e o primeiro cliente não europeu. Por si só, estes dados já seriam suficientes para temer o severo impacto. No que diz respeito à economia portuguesa, aos impactos diretos devemos somar os indiretos, pela via dos amplos efeitos sobre a União Europeia, mercado para onde dirigimos mais de 70% das nossas exportações, e que se repercutirá na dinâmica da procura externa dirigida à economia portuguesa.
Os resultados do mais recente Inquérito Flash realizado pela AEP, quanto ao impacto económico das tarifas impostas pelos EUA, mostram precisamente as preocupações das empresas pelos efeitos diretos e indiretos, considerados significativos ou muito significativos por uma elevada percentagem de empresas.
Neste sentido, considero fundamental uma redobrada atenção das políticas públicas no apoio à internacionalização das empresas, sobretudo à diversificação dos seus mercados, essencial para minimizar riscos, bem como à reindustrialização do país, que no atual contexto geopolítico e geoestratégico fazem ainda mais sentido, através de uma célere execução do Portugal 2030 e de um papel “mais efetivo” do Banco Português de Fomento, que permitam mitigar os previsíveis impactos negativos das medidas protecionistas.
Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 11.04.2025
"Paira uma elevada incerteza quanto à magnitude dos efeitos desta 'guerra comercial', onde os visados enfrentarão maiores custos para exportar para os EUA", refere Luís Miguel Ribeiro, evidenciando o caso da União Europeia, "particularmente exposta ao mercado norte-americano" e também a economia portuguesa, onde "aos impactos diretos devemos somar os indiretos, pela via dos amplos efeitos sobre a União Europeia, mercado para onde dirigimos mais de 70% das nossas exportações", requerendo uma "redobrada atenção das políticas públicas".
Leia a coluna na íntegra:
A “fórmula” que está a abanar o mundo!
A fórmula que Trump usou para justificar a aplicação, a cada país ou bloco económico, de tarifas sobre os produtos importados - num rácio que relaciona o défice comercial dos Estados Unidos da América (EUA) com o total das importações (ponderadas por “elasticidades económicas”), surpreendeu todos e foi alvo de fortes críticas.
Esta espécie de “Índice de Dependência Externa”, com o intuito de defender que os desequilíbrios da balança comercial dos EUA com determinados países ou blocos eram prova de que estavam a ser “explorados” e, por isso, era necessário impor tarifas para "corrigir" tal “injustiça”, está a abanar a economia mundial. A imposição de tarifas tende a gerar retaliações (como está a acontecer), criando um ciclo de tensões comerciais que prejudica o crescimento global. Os impactos já se fizeram sentir, veja-se a turbulência vivida nos mercados financeiros.
Paira uma elevada incerteza quanto à magnitude dos efeitos desta “guerra comercial”, onde os visados enfrentarão maiores custos para exportar para os EUA. É o caso da União Europeia, particularmente exposta ao mercado norte-americano. Os EUA são o seu principal cliente e o seu segundo fornecedor. Para Portugal, os EUA são o quarto principal cliente e o primeiro cliente não europeu. Por si só, estes dados já seriam suficientes para temer o severo impacto. No que diz respeito à economia portuguesa, aos impactos diretos devemos somar os indiretos, pela via dos amplos efeitos sobre a União Europeia, mercado para onde dirigimos mais de 70% das nossas exportações, e que se repercutirá na dinâmica da procura externa dirigida à economia portuguesa.
Os resultados do mais recente Inquérito Flash realizado pela AEP, quanto ao impacto económico das tarifas impostas pelos EUA, mostram precisamente as preocupações das empresas pelos efeitos diretos e indiretos, considerados significativos ou muito significativos por uma elevada percentagem de empresas.
Neste sentido, considero fundamental uma redobrada atenção das políticas públicas no apoio à internacionalização das empresas, sobretudo à diversificação dos seus mercados, essencial para minimizar riscos, bem como à reindustrialização do país, que no atual contexto geopolítico e geoestratégico fazem ainda mais sentido, através de uma célere execução do Portugal 2030 e de um papel “mais efetivo” do Banco Português de Fomento, que permitam mitigar os previsíveis impactos negativos das medidas protecionistas.
Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 11.04.2025