Envolvente Empresarial – Análise de Conjuntura

Envolvente Empresarial - 3º Trimestre 2022

Envolvente Empresarial - 3º Trimestre 2022

A Envolvente Empresarial - Análise de Conjuntura relativa ao 3.º trimestre de 2022 permite destacar a deterioração das perspetivas do PIB no exterior e em Portugal em 2023, enquanto a inflação abranda muito mais lentamente devido aos ainda elevados custos das empresas (em particular os energéticos), obrigando os bancos centrais (incluindo o BCE e a Reserva Federal) a vários aumentos intensos das taxas de juro diretoras. 

Em Portugal, a pior estimativa de crescimento real do PIB em 2023 é de 0,7% do FMI, cerca de metade da previsão de 1,3% do Governo na Proposta de Orçamento de Estado.

Na área euro, o principal mercado de Portugal, a previsão do FMI para a variação real do PIB em 2023 é de 0,5%, um valor inferior à estimativa de 0,9% do BCE num cenário base, mas que baixa para uma contração de -0,9% num cenário adverso.

Quanto à inflação, o valor de 4,0% previsto pelo Governo para 2023 parece estar subavaliado, sendo significativamente inferior às previsões de 4,7% do FMI e 5,1% do Conselho de Finanças Públicas, estando também abaixo da projeção de 5,5% do BCE para a área euro num cenário base (6,9% num cenário adverso). De notar que a inflação de Portugal praticamente já convergiu para o valor da área euro em setembro (9,8% e 10,0%, respetivamente), pelo que é de admitir que o mesmo possa suceder no próximo ano. 

Quanto às taxas de juro, a Reserva Federal decidiu a quinta subida seguida da sua taxa diretora (“Fed funds”) em setembro, a terceira de 0,75 pontos percentuais, passando para 3% a 3,25%, sendo a perspetiva de um valor entre 4% a 4,5% até final do ano. O BCE, que começou mais tarde o aperto das condições monetárias, decidiu a segunda subida consecutiva das suas taxas de juro de referência em setembro, desta vez de 0,75 pontos percentuais (o ritmo historicamente elevado que tem vindo a ser seguido pela Fed), com a taxa central (“refi”) a passar para 1,5%.

Em resultado do aumento das taxas diretoras do BCE (que parece ainda estar no início), as taxas de juro Euribor e as yields soberanas europeias (incluindo a Portuguesas) têm vindo a subir, pressionando em alta as taxas de juro às empresas na área euro, que começaram a registar aumentos significativos, relativamente mais intensos em Portugal. 

Com efeito, na taxa de juro a sociedades não financeiras (até 1 M€), o movimento de subida em Portugal começou apenas no 2º trimestre, de forma tímida, tendo-se acentuado em julho (2,76%) e agosto (2,97%), mês em que a taxa registou um máximo de quase cinco anos e foi a nona mais alta na área euro (onde a média foi 2,20%), já na primeira metade da tabela (19 países), após vários meses na 12ª posição.

Veja os dados destacados pela AEP nesta publicação

A Envolvente Empresarial - Análise da Conjuntura é uma publicação trimestral desenvolvida conjuntamente pela AEP, AIP e CIP, com informação detalhada da evolução da atividade económica e de outros indicadores, incluindo ainda uma seleção de aspetos relevantes do enquadramento nacional e internacional.
 
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