Envolvente Empresarial – Análise de Conjuntura

Envolvente Empresarial - 2.º Trimestre 2023

Envolvente Empresarial - 2.º Trimestre 2023

A mais recente Envolvente Empresarial - Análise de Conjuntura relativa ao 2.º trimestre de 2023 dá conta das previsões de abrandamento vincado do PIB mundial e do PIB português em 2023. Apesar disso, no 1º trimestre do ano, a economia portuguesa deu uma boa resposta em relação aos restantes países da União Europeia, registando o terceiro maior crescimento real em cadeia (1,6%) e o sexto maior em termos homólogos (2,5%). 

O crescimento homólogo do PIB ficou inteiramente a dever-se ao contributo positivo da procura externa líquida, tendo a procura interna registado um contributo nulo.

No período de janeiro a maio de 2023, a dinâmica comercial com o exterior evoluiu positivamente (embora em abrandamento), tendo as exportações de bens registado uma subida homóloga superior às importações de bens (5,2% vs 2,9%, respetivamente).
O excedente da balança de serviços aumentou 47% no primeiro quadrimestre de 2023 (para 7,1 mil milhões de euros), a refletir um aumento das exportações (29,4%) superior ao das importações (16,0%). Para a melhoria do saldo de serviços contribuiu a progressão das exportações de viagens e turismo.
No mercado secundário de dívida pública, os dados disponíveis mais recentes revelam uma quebra no segundo trimestre, tendo a yield portuguesa a 10 anos atingido o pico em fevereiro e março de 2023 (3,27%) e acompanhando, depois, o movimento no resto da Europa, num contexto de maior otimismo comparativamente com o primeiro trimestre.

No mercado de financiamento às empresas, ainda mais importante para a evolução do investimento, a taxa de juro a sociedades não financeiras sobre novas operações até 1 milhão de euros (média ponderada pelos prazos) atingiu em maio (5,55%), um máximo mensal de cerca de nove anos, continuando assim acima da média da área euro, 4,89% no mesmo período.  

Ora os dados mostram que no 1º trimestre o stock de crédito total às Sociedades não Financeiras (SNF) prosseguiu em abrandamento (para uma taxa de variação anual, tva, de 0,7%) e a componente de stock de empréstimos das IFM (Instituições Financeiras Monetárias) às SNF registou uma evolução negativa nesse mês (-1,0%), em abril (-1,6%) e maio (-2,3%). As dinâmicas de financiamento referidas causam, por isso, preocupação quanto à evolução próxima do investimento e das exportações, constituindo mais um alerta para que o Governo agilize e acelere a execução dos fundos europeus, incluindo a criação de apoios facilitadores de financiamento complementar às empresas.

No mercado de trabalho, a taxa de desemprego aumentou pelo terceiro trimestre consecutivo no 1º trimestre, para 7,2% (após 6,5% no 4º trimestre de 2022, 5,8% no 3º trimestre e 5,7% no 2º trimestre, o mínimo da série). A taxa de desemprego jovem reduziu no 1º trimestre para 16,9% em termos homólogos (20,6% no 1º trimestre de 2022) e em cadeia (19,9% no 4º trimestre de 2022). Já o emprego no 1º trimestre aumentou 0,5% em período homólogo e 0,4% em cadeia. 

Relativamente ao 2º trimestre de 2023, o custo das matérias-primas continuou em queda, refletindo a adaptação dos mercados europeu e global de energia, após as perturbações provocadas pela guerra na Ucrânia e pelas sanções ocidentais à energia da Rússia.
Nos preços, a taxa de inflação homóloga de Portugal (medida pelo IHPC) desceu no 2º trimestre (de 8,4% para 5,7%; 4,7% em junho), mantendo a trajetória descendente que se registou no 1º trimestre e apresentando já, valores inferiores à média da área euro.
Nos primeiros cinco meses de 2023, a balança corrente e de capital registou um excedente de 704 milhões de euros, que compara com um défice de cerca 3,7 mil milhões de euros no período homólogo de 2022. A forte melhoria do saldo externo traduziu o aumento do excedente da balança de capital e sobretudo uma forte redução do défice da balança corrente.

Veja aqui os dados destacados pela AEP Download

A Envolvente Empresarial - Análise da Conjuntura é uma publicação trimestral desenvolvida conjuntamente pela AEP, AIP e CIP, com informação detalhada da evolução da atividade económica e de outros indicadores, incluindo ainda uma seleção de aspetos relevantes do enquadramento nacional e internacional.
 
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