Envolvente Empresarial – Análise de Conjuntura

Envolvente Empresarial - 1.º Trimestre 2023

Envolvente Empresarial - 1.º Trimestre 2023

A Envolvente Empresarial - Análise de Conjuntura relativa ao 1.º trimestre de 2023 dá conta da revisão em alta das previsões de crescimento económico para Portugal.  Dá igualmente conta da deterioração do saldo externo (balança corrente e de capital), levando a economia a passar de capacidade para necessidade de financiamento, em resultado de uma deterioração tanto da balança corrente como da de capital, a primeira penalizada sobretudo pelo forte agravamento da balança de bens (num contexto de crise energética) e a segunda a refletir a habitual dificuldade de absorção de fundos europeus na transição entre quadros comunitários de apoio, mais o atraso na execução do PRR. Se já era necessário acelerar a execução do PRR, como a AEP tem vindo a sublinhar, com o reforço da sua dotação será necessário melhorar a eficiência da máquina administrativa para não apenas corrigir os atrasos passados, mas também conseguir absorver o adicional de fundos com mais capacidade e eficácia do que até aqui.

Quanto a projeções, o Governo e o Banco de Portugal são os mais otimistas (variação real do PIB de 1,8% em 2023, 2,0% em 2024 e 2025). De qualquer modo, trata-se de um abrandamento acentuado após um forte crescimento económico da economia portuguesa em 2022 (6,7%). Ainda assim, de notar que Portugal cresce acima da média da União Europeia (UE) em 2023 e 2024 nos números do FMI (1,0% e 1,7% face a 0,8% e 1,6% na UE, respetivamente), que são os mais pessimistas.

Quanto à inflação, há algum desfasamento nas previsões dos vários organismos para 2023 (o Conselho das Finanças Públicas, com 5,9%, apresenta o valor mais alto, seguido dos 5,7% do FMI, dos 5,5% do Banco de Portugal dos 5,1% do Governo), o que não sucede quanto a 2024, em que os valores convergem num intervalo mais estreito, próximo de 3%. O Governo é também mais otimista nos dois anos (com os valores mais baixos de inflação).

De assinalar a forte redução do rácio da dívida pública no PIB prevista pelo Governo, passando de 113,9% em 2022, para 107,5% em 2023 e 92,0% em 2027.

No comércio internacional de bens, o défice agravou-se significativamente em 2022 (em 11,4 mil milhões de euros, para 31,0 mil M€) – com as exportações de bens a subirem de forma acentuada (crescimento nominal de 23,0%), mas as importações a crescerem ainda mais (31,4%) –, a que correspondeu uma forte descida da taxa de cobertura (de 76,5% em 2021 para 71,6% em 2022). O efeito preço foi relativamente superior nas importações – traduzindo uma deterioração dos termos de troca –, em particular nas transações de bens energéticos, devido aos efeitos inflacionistas associados à pandemia e, sobretudo, à guerra na Ucrânia.  Ao nível das exportações, de realçar ainda a saída da Finlândia e a entrada da Irlanda no Top 20 dos principais mercados em 2022.

No comércio internacional de serviços assistiu-se a um reforço muito acentuado do excedente (variação nominal de 105%, para 21,5 mil M€), para o que contribuiu sobretudo a subida de 110% das exportações de “Viagens e turismo”, a rubrica com maior peso.

No conjunto das contas externas (ótica da balança de pagamentos), a balança corrente e de capital registou um défice de 1,1 mil M€ em 2022, após um excedente em 2021 (2,1 mil M€), passando de 0,96% para -0,45% do PIB. 

A respeito do PRR, a Envolvente destaca o aumento da dotação máxima para 20,6 mil M€ (face a 16,6 mil M€ na anterior versão), com acréscimos de 2,3 mil M€ em subvenções e 1,6 mil M€ em empréstimos. 

Ao nível dos custos para as empresas, esta Envolvente trouxe a boa novidade da decisão do Governo de reduzir temporariamente o ISP para atenuar a subida do preço final dos combustíveis ter levado o peso da tributação do gasóleo a baixar significativamente em 2022 (de 53,4% para 39,8%), passando de 5º para 13º maior na UE, uma posição já intermédia, permitindo que, ao nível do preço de venda, Portugal melhorasse também o seu ranking para uma posição já intermédia (de 7º para 13º maior). O problema é que a medida é temporária, mas demonstra claramente que o Governo, se quiser, pode atenuar de forma significativa o défice de competitividade das empresas em matéria de combustíveis por via da fiscalidade.

Veja aqui os dados destacados pela AEP Download

A Envolvente Empresarial - Análise da Conjuntura é uma publicação trimestral desenvolvida conjuntamente pela AEP, AIP e CIP, com informação detalhada da evolução da atividade económica e de outros indicadores, incluindo ainda uma seleção de aspetos relevantes do enquadramento nacional e internacional.
 
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