Envolvente Empresarial – Análise de Conjuntura

Envolvente Empresarial - 2.º Trimestre 2024

Envolvente Empresarial - 2.º Trimestre 2024

A mais recente Envolvente Empresarial - Análise de Conjuntura evidencia o abrandamento da economia portuguesa, o crescimento económico modesto dos países europeus e a continua desaceleração dos preços na Área Euro. Neste contexto, perspetiva-se uma condução da política monetária pelo Banco Central Europeu (BCE) menos restritiva e mais favorável à expansão da atividade económica da Área Euro.

No primeiro trimestre de 2024, o aumento do PIB real português abrandou para 1,5 % face ao período homólogo, após 2,1% no quarto trimestre de 2023, sendo o menor crescimento desde o período da pandemia. É importante referir que a desaceleração do PIB se deve a um contexto de política monetária mais restritiva e a uma conjuntura externa desfavorável.

Para 2024, no Boletim Económico de Junho, o Banco de Portugal manteve a projeção anterior (de março) de um crescimento da economia portuguesa de 2%, superior ao projetado pela Comissão Europeia (1,7%).

Ainda num cenário de enormes incertezas, fruto das tensões geopolíticas e de um aumento dos preços acima do desejável, o Banco Mundial prevê a aceleração do crescimento nas economias avançadas. Dentro deste conjunto de países destaca-se a resiliência da economia americana e crescimentos modestos da maioria das economias desenvolvidas como Japão, Reino Unido e União Europeia. As economias em desenvolvimento devem continuar a crescer a bom ritmo, em média, pelo menos 4% entre 2023 e 2025, com destaque para a Índia, China, Indonésia e Moçambique.

Relativamente à demografia empresarial, no primeiro semestre de 2024, verificou-se uma criação líquida de empresas abaixo do registado no período homólogo de 2023, contribuindo para isso a queda nos nascimentos de empresas (-3%). Pela positiva, destaca-se a diminuição dos encerramentos (-5,3%). 

Os dados do comércio internacional de janeiro a maio de 2024 refletem uma deterioração das trocas comerciais com o exterior, sendo que as exportações e importações de bens estão em queda e os serviços estão a desacelerar, nomeadamente o turismo.
Durante o segundo trimestre de 2024,  o Banco Central Europeu (BCE) decidiu realizar o primeiro corte (de 25 pontos base) nas taxas de juro referência, caindo a taxa central (“refi”) para os 4,25%. 

Na reunião de julho, o Conselho do BCE optou por manter as taxas de juro inalteradas.  Ao contrário do que sucede nos EUA, a inflação tem vindo a desacelerar de forma consistente, contribuindo para isso a estagnação da atividade económica, que deve levar o Banco Central Europeu a efetuar novos cortes no segundo semestre de 2024, embora questões geopolíticas possam ser um entrave a uma política monetária mais expansionista.

No segundo trimestre de 2024, a taxa de inflação (IHPC) em Portugal acelerou novamente (3,1%), após 2,5% no primeiro trimestre 2024 e 2,4% no quarto trimestre de 2023. Na Área Euro, a inflação cedeu ligeiramente, sendo que caiu de 2,6% no primeiro trimestre de 2024, para 2,5% no segundo trimestre, após 2,7% no quarto trimestre de 2023, uma tendência descendente embora com clara resistência como revelam os dados.

No mesmo período, observou-se uma tendência de aumentos nos principais índices de preços das matérias-primas face ao trimestre anterior, nomeadamente nos metais base (14,9%), agricultura (4,2%) e energia (2,7%). Pelo contrário, o preço do algodão diminuiu 10,7%.

No segundo semestre de 2023, os preços médios da eletricidade sem IVA e outros impostos dedutíveis pagos pela indústria nacional registaram um misto de movimentações face ao período homólogo, com maior destaque para as quedas significativas no 4º, 5º e 7º escalão e o aumento verificado no 6º escalão. Portugal apresenta, na generalidade dos escalões, preços bastantes competitivos na eletricidade face à média da União Europeia.

No mesmo semestre, os preços médios nacionais do gás natural sem impostos dedutíveis pagos pela indústria face ao período homólogo evidenciaram uma correção, evidenciando-se as quedas mais significativas do 2º ao 4º escalão. A queda dos preços do gás natural sem IVA e outros impostos dedutíveis foi mais significativa em Portugal, quando comparada com a média dos países da União Europeia.

No segundo trimestre de 2024,o preço do gasóleo antes de impostos aumentou 6,7% face ao período homólogo do ano anterior, porém o preço de venda final subiu 8,1%, tendo o peso da tributação expandido no segundo trimestre de 2024 (46,7% vs 46,2% no primeiro trimestre de 2024 e 46% no segundo trimestre de 2023).

No equilíbrio externo, nos primeiros cinco meses de 2024, registou-se um excedente de 2,7 mil milhões de euros, que compara com um superavit de 476 milhões de euros no período homólogo. Para isso contribuiu o aumento do excedente da balança de serviços e da balança de capital e a diminuição do défice da balança de bens e de rendimentos primários.

Veja os dados destacados pela AEP 

A Envolvente Empresarial - Análise da Conjuntura é uma publicação trimestral desenvolvida conjuntamente pela AEP, AIP e CIP, com informação detalhada da evolução da atividade económica e de outros indicadores, incluindo ainda uma seleção de aspetos relevantes do enquadramento nacional e internacional.

 
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