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Um plano, uma visão de internacionalização
Um artigo de Fernando Alfaiate na revista BOW 30

Um plano, uma visão de internacionalização

No atual mundo globalizado, em que as economias, os mercados e as próprias empresas operam em múltiplas regiões e com enorme interdependência, as decisões e estratégias de internacionalização dos países assumem um papel fundamental para a sua vantagem competitiva, das suas empresas, bem como para a sua afirmação.

Portugal tem percorrido um caminho no sentido da internacionalização, que tem vindo a ser fortemente solidificado nas últimas décadas, aliás, a taxa de exportações de Portugal mantém-se acima dos 40%, apresentando a maior taxa de crescimento de países comparáveis da União Europeia desde 2010. A presença além-fronteiras torna-se essencial para conseguir que as empresas nacionais alarguem a sua base de clientes e geografias, conseguindo não apenas ter ganhos superiores, mas também diversificando os seus riscos e através de uma maior independência do mercado doméstico, bem como permitindo assim novas soluções, por exemplo, para as PME, que dominam o tecido empresarial em Portugal.

Todavia, no sentido inverso, também se encontram grandes vantagens de projetar o país globalmente. Seja a captação de investimento de empresas para se sediarem no país, ou mesmo para o incremento do turismo e, como tal, a projeção deste e de todos os setores associados.

Assim, as estratégias de internacionalização devem complementar a maior presença de empresas portuguesas em mercados que não o português com iniciativas para fomentar uma maior atratividade para capital internacional no nosso país, por via de investimento estrangeiro, preferencialmente nos setores mais produtivos e de maior valor acrescentado.

Sendo a internacionalização uma ferramenta imprescindível para o desenvolvimento de um país e para a sua afirmação no panorama mundial, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) inclui na sua génese alguns investimentos e reformas que assumem um papel relevante para este interesse estratégico de Portugal, dos quais se destacam alguns pela sua importância e potencial de transformação do tecido económico português.

As Agendas Mobilizadoras e Verdes pretendem acelerar a alteração da especialização setorial da economia portuguesa através da criação de consórcios sólidos e estruturantes que garantam o desenvolvimento, a diversificação e o aumento do valor acrescentado de cadeias de valor nacionais, prosseguindo metas objetivas ao nível das exportações. Já foram assinados 51 contratos que permitirão o desenvolvimento de 1.048 produtos novos ou melhorados, processos ou serviços em áreas estratégicas diversificadas, desde a saúde aos transportes, bem-estar, calçado, pesca, tecnologia, vestuário, entre tantos outros.

Estima-se que a variação das exportações das empresas integrantes dos consórcios já contrata dos seja cerca de 43,98%, tendo em conta o referencial de partida e a meta a atingir em volume de negócios internacional.

É também importante o investimento “Missão Interface” que se encontra em plena execução com 66 entidades contratadas do sistema científico e tecnológico não empresarial a transferir conhecimento e tecnologia a 500 empresas para que desenvolvam produtos e melhorem processos produtivos com o objetivo de aumentar a competitividade. Também relacionado com novos produtos, o PRR apresenta um investimento na Rede Nacional de Test Beds, que tem já definidos, após candidaturas e contratação, os testes de aceitação de 2.101 novos produtos pelos mercados, permitindo, desta forma, acelerar a sua inserção nos mesmos.

Sendo a internet um veículo agregador de proliferação não apenas de informação, mas também de produtos e serviços, encontra-se também inscrito no PRR o investimento Internacionalização via E-commerce, que já financia 197 empresas para que possam desenvolver ferramentas digitais, acelerando, por esta via, a expansão para mercados externos.

O apoio às empresas, no sentido de terem um maior robustecimento financeiro, está presente também através do investimento “Capitalização de empresas”, que financia já 46 empresas em setores de atividade emergentes e com maior valor acrescentado.

Todavia, a imagem e internacionalização de um país não vive apenas dos produtos ou serviços que oferece ao mercado externo e sim de todo um contexto, pelo que investimentos na cultura, saúde, habitação, respostas sociais, competências e qualificações, entre outros, assumem também um papel de destaque na estratégia de internacionalização e na imagem projetada de Portugal.

O PRR foi pensado e desenhado para intervir em 3 dimensões estruturantes, a Resiliência, Transição Climática e Transição Digital. No caminho definido para tornar o país mais robusto, coeso, com uma menor exposição a crises e uma sociedade mais justa, este plano acaba por direta e indiretamente, alavancar a imagem do país e criar soluções e oportunidades para internacionalizar Portugal.

Fernando Alfaiate, Presidente da Recuperar Portugal – Estrutura de Missão
In Revista BOW 30 – O Papel da Internacionalização na Afirmação de Portugal

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