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Na fiscalidade e noutras frentes
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

O presidente do Conselho de Administração da AEP defende a redução estrutural e sustentada do peso da carga fiscal, sem comprometer o défice e a dívida públicos, que exige uma atuação sobre o peso da despesa pública no PIB.

Na sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo, Luís Miguel Ribeiro considera que "é preciso eliminar as muitas gorduras do Estado e os seus desperdícios, melhorar a eficácia e a eficiência, privilegiando sobretudo despesa pública com caráter reprodutivo". "A par da redução dos impostos, algo terá de mudar também nestas frentes", refere o presidente do CA da AEP, defendendo que "o investimento na ferrovia irá ser decisivo".

Leia a coluna:


Na fiscalidade e noutras frentes

Esta semana a agenda política foi marcada por um tema absolutamente crítico: o de baixar a carga fiscal sobre o rendimento do trabalho. 

Reduzir a carga fiscal é um assunto que a AEP tem vindo, insistentemente, a defender. Recordo que em junho sublinhava neste mesmo espaço, num artigo de opinião intitulado “Algo terá de mudar”, que para Portugal crescer e subir no ranking do PIB per capita em paridade de poder de compra, onde tem vindo a perder posição, precisa de melhorar a sua competitividade fiscal, reduzindo de modo significativo a carga tributária sobre as empresas e as famílias, por forma a atrair e a reter investimento e talento, o que permitirá criar mais riqueza. A atual política fiscal penaliza a ambição das empresas em crescer e a dos cidadãos em alcançar maiores níveis de remuneração.

Contudo, uma redução estrutural e sustentada do peso da carga fiscal, sem comprometer (também de forma estrutural e sustentada) o défice e a dívida públicos, exige uma atuação sobre o peso da despesa pública no PIB. É preciso eliminar as muitas gorduras do Estado e os seus desperdícios, melhorar a eficácia e a eficiência, privilegiando sobretudo despesa pública com caráter reprodutivo. A par da redução dos impostos, algo terá de mudar também nestas frentes.

Um investimento público com caráter reprodutivo é claramente o direcionado à melhoria da conectividade internacional, aquele que permite unir Portugal aos mercados internacionais de forma competitiva e ambientalmente mais sustentável, de que é exemplo a ligação ferroviária.

O investimento na ferrovia irá ser decisivo para a transição energética, num quadro em que as metas europeias exigem uma efetiva transferência no modo de transporte, da rodovia para a ferrovia. 

Espanha já terá interiorizado, e bem, esta perspetiva, nas suas intenções de investimento a curto, médio e longo prazos. Segundo notícias desta semana, a Renfe, a companhia ferroviária pública espanhola, planeia investir em novas ligações de comboio entre Portugal e Espanha. Creio que terá todas as caraterísticas para ser um investimento reprodutivo e rentável. 

Um sinal da forte dinâmica do mercado é o número de passageiros movimentados nos aeroportos portugueses, que atingiu valores máximos no primeiro semestre deste ano, com aumentos muito expressivos com o mercado espanhol (+47,5%, quer como país de origem, quer como país de destino dos voos), bem acima do valor médio global!

Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 19.08.2023