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Motor da Europa perde potência
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

O presidente do CA da AEP dedica a sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo à análise da “dinâmica desfavorável da economia alemã e seus impactos”.

Considerando que “é importante prestar particular atenção ao que se passa na terceira maior economia mundial", Luís Miguel Ribeiro sublinha que “a Alemanha é o motor da Europa, que dá sinais de estar a perder a potência. Uma Europa que tem vindo a perder relevância no cenário mundial, parece estar em “queda livre”!".

Leia a coluna na íntegra:


Motor da Europa perde potência

A par do agravamento das tensões geopolíticas da guerra na Ucrânia, as preocupações também se têm centrado na dinâmica desfavorável da economia alemã e seus impactos.

É importante prestar particular atenção ao que se passa na terceira maior economia mundial, a seguir aos Estados Unidos da América e China.

A Alemanha é o motor da Europa, que dá sinais de estar a perder a potência. Uma Europa que tem vindo a perder relevância no cenário mundial, parece estar em “queda livre”! Se há década e meia o PIB europeu representava mais de um terço do PIB mundial, no ano passado não atingia um quarto.

Um crescimento económico negativo ou nulo é um risco para a própria Alemanha e para o mundo, em especial para a Europa. A Alemanha representa um quarto do investimento total da União Europeia.
Para Portugal, a Alemanha é um importante parceiro económico, quer nos fluxos do comércio quer de investimento direto, fundamentalmente em setores com uma forte componente tecnológica e geradores de elevado valor acrescentado e de exportações, como é a indústria automóvel.

Nas exportações de bens, ao longo dos anos, a Alemanha tem sido sistematicamente o nosso terceiro maior cliente. Depois de no ano passado as exportações portuguesas para o mercado alemão terem representado 11% do total, entre janeiro e setembro deste ano, Portugal reforçou o peso para cerca de 13%, na sequência de um crescimento homólogo das exportações de 18,8%, o que permitiu elevar a posição da Alemanha para segundo principal cliente. 

Estes dados refletem a capacidade do nosso tecido empresarial em continuar a exportar para este importante mercado, apesar das dificuldades sentidas. Contudo, trata-se de informação até setembro, pelo que ainda não incorpora os desenvolvimentos mais recentes de origem política, que se juntaram aos de natureza económica.

Nas previsões de outono, a Comissão Europeia destaca, para a Alemanha, a fraca procura interna e externa por bens da indústria transformadora, que se reflete no baixo investimento, sobretudo em equipamentos. Entre os problemas de competitividade da indústria alemã está o elevado preço de energia (face à dependência do exterior) e a forte concorrência do mercado asiático (sobretudo China) em setores de forte especialização, como a indústria automóvel. Já se fala em encerramento de fábricas.

É muito preocupante. Será possível a reindustrialização da Europa sem a força do seu principal motor industrial? É impensável!

Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 23.11.2024