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Escalar as empresas para fazer crescer o país
Necessidade de reformas estruturais em destaque no II Congresso Portugal Empresarial

O II Congresso Portugal Empresarial foi um sucesso. No auditório da Exponor, no dia 29 de outubro, empresários, decisores públicos e privados, académicos e dirigentes associativos, entre outras personalidades, discutiram a economia e debateram os caminhos para escalar as empresas e fazer crescer a economia de Portugal, perante uma plateia de cerca de 400 participantes. 

Realizado ainda no âmbito do programa de comemorações do 175.º aniversário da AEP, ocorrido a 3 de maio, o Congresso contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República encerrou os trabalhos do II Congresso Portugal Empresarial

Na sua intervenção, a encerrar os trabalhos, Marcelo Rebelo de Sousa deixou várias notas sobre a situação económica e empresarial do país e alertou para a necessidade de Portugal saber aproveitar o PRR para fazer crescer o PIB, num momento em que a anunciada viabilização do OE 2025 traz estabilidade política para que Governo e tecido empresarial possam trabalhar em conjunto rumo a um objetivo comum. “Temos de fazer chegar sistematicamente ao terreno no mínimo sete vezes mais [do PRR]. Ou seja, 150 milhões por semana, 600 milhões por mês, o que dará ao fim de 26 meses 15 mil milhões, a somar aos menos de seis mil milhões já usados”, vincou. 

Antes do chefe de Estado, o presidente do Conselho Geral da AEP, José Manuel Fernandes, pediu ao Estado menos burocracia, mais diálogo com as empresas e maior proximidade à realidade empresarial. “O IAPMEI, a AICEP, a ANI, o INPI e até a FCT têm de ter uma vida ativa junto das empresas e sentir as suas expectativas. A proximidade e o compromisso são determinantes para o robustecimento da nossa economia, para a convergência com a União Europeia, gerar recursos e eliminar carências na sociedade que nos afetam a todos”, assinalou.

José Manuel Fernandes na sessão de encerramento do Congresso Portugal Empresarial

Associações sabem gerir e executar

Na sessão de abertura do Congresso, o presidente do Conselho de Administração AEP, Luís Miguel Ribeiro, realçou o contributo fundamental que os fundos europeus podem ter no ganho de escalas das empresas e afinou pelo mesmo diapasão do Presidente da República sobre o facto de Portugal não poder desperdiçar os apoios que Bruxelas disponibiliza. “A frase ‘não podemos desperdiçar esta oportunidade’ é um lugar-comum, mas é uma realidade incontornável. Provavelmente, esta poderá ser mesmo a última oportunidade para Portugal”, enfatizou. Luís Miguel Ribeiro defendeu que o Estado se deve concentrar “nas suas funções de regulador e delegar ao tecido institucional associativo, de base empresarial organizada e qualificada, que é representativo e próximo das empresas, competências de gestão e execução operacional de políticas coletivamente definidas”. 

Luís Miguel Ribeiro na sessão de abertura do Congresso Portugal Empresarial

A cerimónia de abertura contou também com as intervenções da presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, e do Secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, que prometeu “não onerar as empresas com mais custos de contexto”, a começar pelos processos de licenciamento, e apontou baterias para a proposta de OE que será fundamental para “fazer descolar a economia portuguesa”. “Este contexto de previsibilidade e estabilidade é importante para implementar as políticas públicas para fazer crescer a economia”, considerou o governante. 

A Presidente da CM Matosinhos e o SE da Indústria na sessão de abertura do Congresso Portugal Empresarial

Reformar para crescer

“Temos de voltar à atitude reformista e voltar a ser insatisfeitos connosco próprios”, de acordo com Álvaro Santos Pereira, atual economista-chefe da OCDE, que foi o keynote speaker do Congresso Portugal Empresarial.

Álvaro Santos Pereira, Keynote speaker do Congresso Portugal Empresarial

Álvaro Santos Pereira fez uma análise à economia portuguesa e aos estrangulamentos que afetam o seu crescimento, referindo-se às políticas públicas necessárias para estimular esse crescimento. “É importante pensar o que podemos fazer para economia crescer 3 ou 4%. E a forma [de o conseguir] é fazer reformas”, sustentou, salientando que os países mais bem-sucedidos da OCDE são aqueles que fazem mais reformas. 

O ex-ministro da Economia reconheceu que a produtividade em Portugal é muito baixa, que as qualificações estão abaixo dos outros países da OCDE e que é necessário ganhar escala empresarial, pois 99% das empresas nacionais são PME. 

Álvaro Santos Pereira considerou ainda ser necessário reformar a Administração Pública, a Justiça e também a área fiscal, nomeadamente o elevado IRC cobrado às empresas. “A competitividade fiscal é absolutamente fundamental”, sinalizou, observando que a reforma fiscal “devia de ser um desígnio nacional”. 

A burocracia, as pessoas e a IA

Depois da intervenção de Álvaro Santos Pereira, o “Crescimento Económico na Oportunidade de Mudança de Ciclo” juntou António Redondo (The Navigator Company), Isabel Furtado (TMG Automotive) e Filipe de Botton (Logoplaste) num painel moderado por Luís Magalhães (KPMG Portugal). 

Todos estiveram de acordo quanto ao que rotularam como um “preconceito ideológico contra grandes empresas”, lamentaram a excessiva burocracia existente em Portugal e consideraram a questão da imigração e da mão de obra fundamentais para que a indústria portuguesa e o próprio país consigam sobreviver. 

O “Crescimento Económico na Oportunidade de Mudança de Ciclo”, tema do 1º painel do Congresso Portugal Empresarial

Já os “Drivers do Crescimento Futuro” foram debatidos, numa conversa moderada por Ana Spratley (Banco BPI), por António Portela (Bial) e por Isabel Barros (SONAE MC), que falaram sobre ESG, Inteligência Artificial e Recursos Humanos. “Tudo nas empresas começa e acaba nas pessoas. As ferramentas vão permitir-nos fazer mais”, afirmou António Portela, enquanto Isabel Barros defendeu que a IA “vai trazer eficiência às empresas”.

ESG, IA e Pessoas - drivers do crescimento futuro em análise no 2.º painel do Congresso Portugal Empresarial

O Congresso Portugal Empresarial 2024 terminou com um cocktail que realçou a oferta nacional, com utilização de produtos de empresas aderentes ao programa Portugal Sou Eu, uma iniciativa do Ministério da Economia, de que a AEP é uma das gestoras, criada com o objetivo de dinamizar a competitividade das empresas, em especial as PME, promover o equilíbrio da balança comercial e contribuir para o crescimento da economia.

Para além do programa Portugal Sou Eu, na realização Congresso a AEP contou com os patrocínios da APDL, do BPI, da KPMG, da APCER, do Grupo Brisa, da CH Business Consulting, dos CTT, da Exponor, da Fundação AEP e da Norprint, bem como com a colaboração do jornal ECO como media partner. 

II Congresso Portugal Empresarial