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Economia: sinais muito preocupantes!
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

Na sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo, o presidente do CA da AEP manifesta a sua preocupação face à deterioração da economia nacional, patente nos dados relativos ao 3.º trimestre, em resultado da queda das exportações de bens e da forte desaceleração nas exportações de serviços.

Luís Miguel Ribeiro considera que "precisamos rapidamente de políticas públicas bem ajustadas, como as que a AEP propôs oportunamente, no âmbito do Orçamento do Estado para 2024, por forma a induzir uma melhoria da atividade económica e preservar o emprego".

Leia a coluna:


Economia: sinais muito preocupantes!

Os dados das Contas Nacionais do terceiro trimestre vieram confirmar a anterior estimativa rápida do INE. Embora a economia portuguesa tenha registado, em termos homólogos, um crescimento de 1,9%, o PIB contraiu 0,2% em cadeia. Esta deterioração, face ao trimestre anterior, é explicada integralmente pela evolução negativa da procura externa líquida, isto é, das exportações líquidas de importações, em resultado da redução das exportações de bens, mas também dos serviços, que caíram 3,9%, após um forte abrandamento já registado no segundo trimestre. É preciso recuar ao primeiro trimestre de 2021 para encontrarmos uma variação negativa em cadeia nas exportações de serviços (na altura influenciada pelos efeitos da pandemia).

Em comparação com o período homólogo do ano passado, observou-se uma aceleração da procura interna (+1,7%), que suportou a quase totalidade do crescimento do PIB, devido fundamentalmente à dinâmica do investimento (+4,5%), alicerçado no acréscimo da rubrica "Equipamento de Transporte" (+26%), que contrasta com a evolução negativa em "Outras Máquinas e Equipamentos", muito ligada ao tecido industrial. Destaco, com preocupação, a forte desaceleração do consumo privado, por impactar negativamente, e sobremaneira, nas empresas mais direcionadas para o mercado nacional, a esmagadora maioria do nosso tecido empresarial.

Redobro a minha preocupação pela queda das exportações de bens e forte desaceleração nas exportações de serviços, que, ainda assim, continuam a compensar a evolução negativa das exportações de bens, mas com sinais de evolução em cadeia já bastante preocupantes. Deste modo, em termos globais, as exportações de bens e serviços praticamente estagnaram (+0,1% em termos reais), fazendo baixar o valor da intensidade exportadora para 48% entre janeiro e setembro de 2023 (após 50% em 2022). Estamos, assim, mais longe de atingir a meta de mais de 60% do PIB até 2030.

Uma análise mais fina, trimestre a trimestre, mostra claramente o agravamento das exportações de bens, com quebras muito acentuadas no top 20 dos principais mercados e em variados setores industriais, designadamente naqueles em que a economia portuguesa é fortemente especializada, como é o caso dos têxteis, vestuário e calçado, mas também noutros setores.

Precisamos rapidamente de políticas públicas bem ajustadas, como as que a AEP propôs oportunamente, no âmbito do Orçamento do Estado para 2024, por forma a induzir uma melhoria da atividade económica e preservar o emprego.

 
Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 09.12.2023