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E agora?
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

O novo cenário político está em foco na mais recente coluna de opinião do presidente do CA da AEP no Dinheiro Vivo. Luís Miguel Ribeiro sublinha que “as empresas precisam de estabilidade e de previsibilidade e os mercados de confiança. O país precisa de serenidade e que se vire o foco para o crescimento da economia, na criação de riqueza e nos impactos na vida das pessoas”

Embora tenham sido criadas as condições para o país ter o OE 2024 aprovado, há “questões muito importantes para a vida das pessoas e das empresas que podem ficar comprometidas sem um Governo em "plenas" funções”, refere Luís Miguel Ribeiro, dando como exemplos a execução do PRR e o arranque do Portugal 2030.

Leia a coluna:

E agora? 

Para além de todos os desafios que o país enfrenta, teremos desafios acrescidos e que poderão ter um forte impacto na vida das pessoas e no desempenho da nossa economia.

O novo cenário político não é positivo para a atividade económica. A acrescer à instabilidade internacional - fruto das duas guerras que o mundo vive - junta-se agora uma instabilidade política a nível nacional.

A atividade económica e os desafios de competitividade das nossas empresas não podem nem devem ser afetados pelas decisões políticas, sendo certo que será muito difícil evitar um contágio entre a política e a economia.

Só a título de exemplo, no dia da demissão do primeiro-ministro, a Bolsa de Lisboa perdeu 1,7 mil milhões de euros. Neste mesmo dia, recebi telefonemas de empresários portugueses que partilharam comigo as suas ansiedades perante o futuro.

É normal que os mercados reajam e se sintam desconfortáveis com cenários imprevisíveis e que contribuem para o aumento da volatilidade e incerteza do que aí virá.

As empresas precisam de estabilidade e de previsibilidade e os mercados de confiança. O país precisa de serenidade e que se vire o foco para o crescimento da economia, na criação de riqueza e nos impactos na vida das pessoas.

Foram criadas as condições para o Orçamento do Estado para 2024 ser viabilizado. O Presidente da República anunciou a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições para 10 de março. Ao adiar a publicação dos decretos para depois de 29 de novembro, Marcelo Rebelo de Sousa usou um formalismo que permitiu o país ter um Orçamento do Estado aprovado.

Existem, contudo, questões muito importantes para a vida das pessoas e das empresas que podem ficar comprometidas sem um Governo em "plenas" funções. A execução do PRR e o arranque do Portugal 2030 poderão ser um exemplo disso.

Se num cenário com estabilidade política já era difícil, neste contexto de incerteza as dificuldades serão certamente maiores.

O país, as empresas e as pessoas necessitam de uma célere e boa execução destes recursos financeiros, com uma dimensão que Portugal nunca teve, cruciais não só para o presente, mas sobretudo para investimentos estruturais futuros.

Já sabemos que em contextos desafiantes e de imprevisibilidade, os portugueses e as empresas encontram oportunidades - como demonstra um passado ainda muito recente - e superam os desafios.

Acredito que, mais uma vez, estaremos à altura de dar uma resposta positiva que não comprometa o futuro do nosso país.

Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 11.11.2023