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Desafio demográfico ganha relevância
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

O desafio demográfico que o país tem pela frente é o tema da mais recente coluna de opinião do presidente do CA da AEP no Dinheiro Vivo. Luís Miguel Ribeiro reforça a "necessidade de olharmos para o problema demográfico como um grande desafio estrutural do país e para a necessidade de uma política de imigração muito clara, que facilite a vida às empresas quando precisam de contratar e estimule a vinda das famílias desses imigrantes para o nosso país".

Leia a coluna:


Desafio demográfico ganha relevância

Pelas implicações diretas no mercado de trabalho, quer numa perspetiva de curto, médio ou longo prazos, é sempre muito importante prestarmos uma redobrada atenção aos números da dinâmica demográfica que vão sendo divulgados.

Os mais recentes, publicados pelo INE na passada semana, dão nota da prossecução de um aumento muito ligeiro da população residente em Portugal (apenas +0,44% em 2022). Por outro lado, também continuam a confirmar que este acréscimo populacional se deve integralmente ao saldo migratório positivo, que continua a compensar o saldo natural negativo.

Nos aspetos mais relacionados com a evolução do saldo natural, o Índice Sintético de Fecundidade, isto é, o número médio de crianças nascidas por mulher em idade fértil, mantém-se baixo, embora tenha registado uma ligeira melhoria. Ainda assim, em 2021 (último ano em que existe informação disponível para todos os Estados-membros da União Europeia), Portugal registava neste indicador o quinto valor mais baixo dos 27 países (apenas acima da Polónia, Itália, Espanha e Malta). Por outro lado, a idade média das mulheres ao nascimento do primeiro filho supera os 30 anos.

Na componente migratória, importa destacar que do total dos imigrantes permanentes (aqueles que entraram no nosso país com a intenção de aqui permanecer por um período igual ou superior a um ano), mais de metade tinham nacionalidade estrangeira, 70% residiam anteriormente fora da União Europeia e mais de três quartos (77,9%) eram pessoas em idade ativa. Nos emigrantes permanentes, a esmagadora maioria (mais de 90%) são pessoas em idade ativa e, sobretudo, com qualificação superior.

É neste contexto que reforço a mensagem da necessidade de olharmos para o problema demográfico como um grande desafio estrutural do país e para a necessidade de uma política de imigração muito clara, que facilite a vida às empresas quando precisam de contratar e estimule a vinda das famílias desses imigrantes para o nosso país.

É por tudo isto que nas propostas que apresentou para o Orçamento do Estado para 2024 a AEP elegeu como primeiro eixo de intervenção o “Capital Humano”, por forma a promover a qualificação e requalificação, retenção e atração de pessoas. Entre as medidas que propusemos está precisamente a necessidade de reforçar o saldo migratório positivo, através de programas de apoio ao regresso de emigrantes e programas de integração adequada de imigrantes.

Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 25.11.2023