Notícias

Consumo já está em queda em Portugal
Índice de sentimento económico regista mínimos também no resto da UE

A Envolvente Empresarial de julho - da responsabilidade conjunta AEP/AIP/CIP - dá nota de uma redução do índice de sentimento económico, tanto na UE como em Portugal, tendo ambos registado mínimos de mais de um ano já em julho, com quedas na maioria das componentes.

Em Portugal, o sentimento económico dos consumidores foi uma das componentes do índice global que recuperou ligeiramente em julho, mas continuou a situar-se num dos níveis mais baixos desde maio de 2020, durante uma das fases mais críticas da pandemia. A queda abrupta deste indicador em março deste ano, na sequência da guerra na Ucrânia, já se refletiu numa compressão do consumo.

No segundo trimestre, as vendas no comércio a retalho registaram uma quebra em termos reais de -0,2% face ao trimestre anterior (dados deflacionados e corrigidos de efeitos de calendário e de sazonalidade), que traduz a melhor estimativa da evolução do consumo privado enquanto não há dados quantificados dessa componente do PIB, que recuou também -0,2% nesse trimestre, o que não é de admirar sendo o consumo a rubrica com maior peso (64% do PIB em 2021; dados em valor).

As rubricas do comércio a retalho com maior queda foram os combustíveis (-4,9%), os produtos alimentares, bebidas e tabaco (-2,7%) e os computadores, equipamentos de telecomunicações, livros e outros produtos em estabelecimentos especializados (-2,7%). Em sentido contrário, ocorreram subidas acentuadas nas componentes têxteis, vestuário, calçado e artigos de couro (17,9%) e bens para o lar e similares (4,5%), possivelmente a refletir ainda a utilização das poupanças durante a pandemia, bem como o aproveitamento de promoções dos estabelecimentos comerciais, um efeito que se dissipará com o esgotamento dessas poupanças e a perda de poder de compra devido ao nível elevados de inflação.

A redução em volume do consumo de combustíveis, que reflete o comportamento quer de consumidores quer das empresas, é uma boa notícia, mostrando que os portugueses estão dispostos a poupanças em reação aos preços elevados da energia, esperando-se por isso com expectativa o pacote de poupança energética a anunciar pelo Governo. Lamenta-se o significativo atraso nesta matéria face a outros países europeus que já apresentaram medidas relevantes e as estão a implementar (nomeadamente a vizinha Espanha), começando já a produzir efeitos em termos de redução da fatura energética de empresas e famílias, de corte da dependência energética da UE face à Rússia e ao nível da transição climática.

Aceda à publicação