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Construção do futuro na indústria automóvel nacional
Contributo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)

Em Portugal, a indústria automóvel é maioritariamente constituída por PME e assume enorme relevância pelo seu contributo para a economia nacional, sendo responsável por mais de 42 mil postos de trabalho e 10 mil milhões de euros de volume de negócios, dos quais 7,7 mil milhões se destinam à exportação.

O setor caracteriza-se por uma alta intensidade tecnológica e elevados níveis de produtividade, dando resposta e assumindo mesmo a liderança no que respeita ao rigor e exigências dos padrões internacionais, impostos pelos grandes fabricantes mundiais da indústria.

Esta indústria vê-se confrontada com relevantes desafios ambientais, tecnológicos e sociais para permitir o fabrico de veículos mais sustentáveis, por forma a ajustar-se às ambições ditadas pelo Plano de Mobilidade Urbana (Pmu) e pelas medidas propostas no pacote legislativo “Objetivo 55”, que estabelece uma redução mínima de 55% nas emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE) até 2030. Estas mudanças estão a revolucionar o papel dos veículos na vida dos consumidores e as competências exigidas pelo setor, bem como a emergência de novas tendências de consumo e conceitos de mobilidade e exigem, dos vários atores envolvidos, uma elevada capacidade de mobilização, adaptação e transformação de processos e procedimentos.

Esse caminho tem vindo a ser paulatinamente trilhado pela indústria nacional, denotando a forte resiliência do setor, o seu dinamismo e a sua clara vocação inovadora. Prova disto é a sua adesão ao nível das Agendas Mobilizadoras e do Digital Innovation Hub - DIH 4 Global Automotive, coordenado pelo Cluster Automóvel e que agrega a indústria e o sistema científico e tecnológico numa profunda parceria e trabalho colaborativo nunca testado em Portugal.

No domínio da mobilidade e dos transportes, estão em execução e em acompanhamento no IAPMEI 11 Agendas Mobilizadoras, representando um investimento global superior a 1 200 mil milhões de euros e que contarão com um incentivo superior a 632 milhões de euros. Estes valores devem ter tradução no enorme impacto esperado, resultante da execução destes projetos, no fortalecimento do setor e na introdução de novos produtos e soluções inovadoras, com ganhos para todo o país.

De facto, as ações conjuntas e investimentos em execução nestes projetos estão centradas em áreas chave e estratégicas para todos: contribuir para a transição energética e ecológica, reduzir as emissões poluentes na indústria, incentivar o desenvolvimento de uma economia circular nos processos produtivos e manter a aposta na investigação e desenvolvimento de mecanismos de propulsão progressivamente menos poluentes.

No entanto, existem fragilidades exógenas no setor, nomeadamente a escassez de certas matérias-primas críticas (lítio, cobalto, nióbio, terras raras, etc.) e nas cadeias de abastecimento – que a guerra na Europa e as questões geopolíticas têm agravado. Aspetos que, pela sua natureza global, necessitam de respostas concertadas a nível europeu.

Os IPCEI (Projetos Importantes de Interesse Comum Europeu) são a resposta da Comissão Europeia para minimizar estas dificuldades e dependências. O IPCEI da microeletrónica e o IPCEI das baterias, nos quais Portugal é participante, permitirão reunir conhecimentos e alavancar recursos financeiros em toda a Europa para superar falhas de mercado que, de forma individual, cada país não poderia enfrentar.

Este ciclo de modernidade e de inovação está a promover a criação de emprego qualificado no setor e a aproximar os jovens à indústria, pois somente desta forma poderemos ser bem-sucedidos nos mercados internacionais. A resposta a todos estes desafios, o contributo do PRR e dos grandes projetos europeus, exige de todos os agentes, públicos e privados, uma visão estratégica e uma ação concertada, na qual o IAPMEI está e continuará a trabalhar de forma empenhada.
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