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Competitividade gera sustentabilidade
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

Na sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo, o presidente do CA da AEP aborda as projeções do Banco de Portugal, que reviram em alta o crescimento económico para este ano, e o excedente nas contas públicas de 2023, ao qual não é alheio o "importante papel das empresas, que, num enquadramento difícil, conseguiram manter a sua atividade e assegurar a resiliência do mercado de trabalho, contribuindo para o bom comportamento da receita fiscal e contributiva".

Para Luís Miguel Ribeiro"está na hora de 'devolver' àqueles que mais contribuíram – empresas e famílias – pela via da redução da carga fiscal e contributiva, simplificação do enquadramento fiscal e flexibilidade laboral", defendendo que "uma política económica promotora da melhoria da competitividade não é incompatível com a sustentabilidade das contas públicas".

Leia a coluna na íntegra:


Competitividade gera sustentabilidade

As projeções do Banco de Portugal reviram em alta o crescimento económico para este ano, para +2% (acima dos +1,2% projetados em dezembro e dos +1,5% inscritos no Orçamento do Estado). A melhor performance económica no final do ano terá sido um dos principais fatores explicativos para o maior otimismo.

O investimento e as exportações serão os principais “drivers”. O primeiro, impulsionado pelo maior dinamismo da procura global, redução das taxas de juro e maior execução financeira dos fundos europeus. A dinâmica das exportações, líquidas de conteúdo importado – em conjunto com o saldo das balanças de rendimento e capital – contribuirão para a capacidade de financiamento da economia, com o banco central a salientar que será a mais elevada desde o início da área do euro. 

Estas projeções estão condicionadas pelos contextos nacional e internacional, envolvidos de incerteza. Nos de natureza externa, incluem-se os habituais riscos da escalada das tensões geopolíticas, do abrandamento da procura externa e do maior impacto do aperto verificado nas condições financeiras. A nível interno, sobressaem a incerteza na condução da política económica e os atrasos na execução dos fundos europeus. 

Tivemos ainda boas notícias no que toca às contas públicas, com o excedente gerado de cerca de 3,2 mil milhões de euros (1,2% do PIB) em 2023, que traduz uma capacidade líquida de financiamento, após o défice de 0,3% em 2022, e com a redução da dívida para 99,1% do PIB (112,4% em 2022).

Neste particular das contas públicas, há quem faça outras contas que relativizam este “brilharete”, justificando-o com a influência de fatores excecionais, como o efeito da inflação e a utilização de depósitos das Administrações Públicas para reduzir a dívida.

Em parte, são argumentos válidos. Acrescentaria outro fator relevante: o reflexo do importante papel das empresas, que, num enquadramento difícil, conseguiram manter a sua atividade e assegurar a resiliência do mercado de trabalho, contribuindo para o bom comportamento da receita fiscal e contributiva.

Está na hora de “devolver” àqueles que mais contribuíram – empresas e famílias – pela via da redução da carga fiscal e contributiva, simplificação do enquadramento fiscal e flexibilidade laboral.

Uma política económica promotora da melhoria da competitividade não é incompatível com a sustentabilidade das contas públicas, que também defendo. É, aliás, uma alavanca para alcançar tal desígnio!

Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 30.03.2024