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Circularidade precisa de ações urgentes e integradas
Um artigo de Luísa Magalhães na edição 26 da revista BOW
Economia circular, sustentabilidade empresarial e internacionalização
As atuais tendências de aumento populacional, crescimento da procura e consequente pressão nos recursos naturais, bem como a crise energética, têm vindo a sublinhar a necessidade de as sociedades modernas avançarem para um paradigma mais sustentável e mais circular.
A economia mundial encontra-se a consumir 100 mil milhões de toneladas de materiais, grande parte dos quais são desperdiçados, principalmente devido a práticas ainda lineares e insustentáveis.
A Global Footprint Network tem calculado o Dia da Sobrecarga da Terra, isto é, o dia a partir do qual os recursos do Planeta se esgotam e se começa a viver a crédito. Globalmente, em 2022, este dia correspondeu a 28 de julho, mais cedo que em 2021, – dia 30 de julho, tendo sido esta a tendência. No entanto, em 2020, no ano da pandemia de Covid-19, em que houve alteração de hábitos de consumo, menor mobilidade e menos extração de recursos, o dia ocorreu mais tarde, dia 22 de agosto, o que dá que refletir sobre uma mudança de paradigma.
O modelo económico atual baseia-se na exploração de recursos que são transformados, usados e depositados de novo no ambiente, sob a forma de resíduos ou emissões para a atmosfera. Este modelo linear da economia não é sustentável e está na base da generalidade de alguns problemas ambientais e sociais.
A Agenda 2030 que apresenta os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o Pacto Ecológico Europeu e a 27.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas – COP27, identificam a economia circular como uma estratégia fundamental para a resolução de problemas globais, como a descarbonização, a perda de biodiversidade, a excessiva produção de resíduos e a poluição.
A economia circular é um conceito estratégico que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia, substituindo o conceito de fim de vida da economia linear por novos fluxos circulares, num processo integrado e sistémico.
A economia circular ultrapassa o âmbito e foco estrito das ações de gestão de resíduos e de reciclagem, visando uma ação mais ampla, desde o redesenho de processos, produtos e novos modelos de negócio até à otimização da utilização de recursos. Visa, assim, o desenvolvimento de novos produtos e serviços que sejam economicamente viáveis e ecologicamente eficientes.
A Associação Smart Waste Portugal (ASWP), criada em maio de 2015, tem vindo a afirmar-se como uma entidade de referência crescente no contexto nacional, no processo de transição para uma economia circular. A ASWP conta com mais de 140 associados e promove sinergias e colaboração, estimula a geração de novos negócios baseados na circularidade, cria escala, apresenta tomadas de posição, é um parceiro ativo da tutela, produz conhecimento e informação, estimula a inovação e investigação e dinamiza vários Grupos de Trabalho.
A ASWP considera que, apesar das entidades já começarem a estar consciencializadas para estes temas, há ainda muito trabalho a fazer, pois os números oficiais relativos à circularidade ainda se encontram muito baixos. O primeiro relatório “Circularity Gap Report” apresentou resultados alarmantes: apenas 9,1 % da economia mundial em 2018 era circular. Atualmente, a tendência é de descida, fixando-se este valor nos 8,6 % em 2021. Segundo o Eurostat, em 2020, Portugal apresentou uma taxa de circularidade de 2,2%, comparativamente à média europeia de 12,8%. Estes valores demonstram que a circularidade precisa de ser abordada com ações urgentes e integradas.
Em Portugal, a economia circular tem merecido destaque e começa a ser vista como uma oportunidade e um fator diferenciador para as empresas, podendo mesmo ter a si associado um grande potencial de exportação e internacionalização, para alguns setores. No entanto, ainda existem alguns aspetos que deverão ser tidos em conta, sendo a partilha e transferência de conhecimento essenciais para a transição circular, bem como a cooperação nacional e internacional.
A economia circular é um caminho para a sustentabilidade e, para tal, é necessário que seja estimulada a inovação, a educação e a participação de toda a comunidade. Consideramos que para estes conceitos sejam aplicados na prática, é fundamental que haja um envolvimento das diferentes cadeias de valor, da Academia, das associações, dos governos e dos consumidores, para que todos trabalhem rumo a uma economia livre de resíduos, onde tudo é considerado recurso.
Luísa Magalhães, Diretora Executiva da Associação Smart Waste Portugal
In Revista BOW, n.º 26 - Economia Circular, Sustentabilidade Empresarial e a Internacionalização
Descarregar aqui o artigo
As atuais tendências de aumento populacional, crescimento da procura e consequente pressão nos recursos naturais, bem como a crise energética, têm vindo a sublinhar a necessidade de as sociedades modernas avançarem para um paradigma mais sustentável e mais circular.
A economia mundial encontra-se a consumir 100 mil milhões de toneladas de materiais, grande parte dos quais são desperdiçados, principalmente devido a práticas ainda lineares e insustentáveis.
A Global Footprint Network tem calculado o Dia da Sobrecarga da Terra, isto é, o dia a partir do qual os recursos do Planeta se esgotam e se começa a viver a crédito. Globalmente, em 2022, este dia correspondeu a 28 de julho, mais cedo que em 2021, – dia 30 de julho, tendo sido esta a tendência. No entanto, em 2020, no ano da pandemia de Covid-19, em que houve alteração de hábitos de consumo, menor mobilidade e menos extração de recursos, o dia ocorreu mais tarde, dia 22 de agosto, o que dá que refletir sobre uma mudança de paradigma.
O modelo económico atual baseia-se na exploração de recursos que são transformados, usados e depositados de novo no ambiente, sob a forma de resíduos ou emissões para a atmosfera. Este modelo linear da economia não é sustentável e está na base da generalidade de alguns problemas ambientais e sociais.
A Agenda 2030 que apresenta os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o Pacto Ecológico Europeu e a 27.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas – COP27, identificam a economia circular como uma estratégia fundamental para a resolução de problemas globais, como a descarbonização, a perda de biodiversidade, a excessiva produção de resíduos e a poluição.
A economia circular é um conceito estratégico que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia, substituindo o conceito de fim de vida da economia linear por novos fluxos circulares, num processo integrado e sistémico.
A economia circular ultrapassa o âmbito e foco estrito das ações de gestão de resíduos e de reciclagem, visando uma ação mais ampla, desde o redesenho de processos, produtos e novos modelos de negócio até à otimização da utilização de recursos. Visa, assim, o desenvolvimento de novos produtos e serviços que sejam economicamente viáveis e ecologicamente eficientes.
A Associação Smart Waste Portugal (ASWP), criada em maio de 2015, tem vindo a afirmar-se como uma entidade de referência crescente no contexto nacional, no processo de transição para uma economia circular. A ASWP conta com mais de 140 associados e promove sinergias e colaboração, estimula a geração de novos negócios baseados na circularidade, cria escala, apresenta tomadas de posição, é um parceiro ativo da tutela, produz conhecimento e informação, estimula a inovação e investigação e dinamiza vários Grupos de Trabalho.
A ASWP considera que, apesar das entidades já começarem a estar consciencializadas para estes temas, há ainda muito trabalho a fazer, pois os números oficiais relativos à circularidade ainda se encontram muito baixos. O primeiro relatório “Circularity Gap Report” apresentou resultados alarmantes: apenas 9,1 % da economia mundial em 2018 era circular. Atualmente, a tendência é de descida, fixando-se este valor nos 8,6 % em 2021. Segundo o Eurostat, em 2020, Portugal apresentou uma taxa de circularidade de 2,2%, comparativamente à média europeia de 12,8%. Estes valores demonstram que a circularidade precisa de ser abordada com ações urgentes e integradas.
Em Portugal, a economia circular tem merecido destaque e começa a ser vista como uma oportunidade e um fator diferenciador para as empresas, podendo mesmo ter a si associado um grande potencial de exportação e internacionalização, para alguns setores. No entanto, ainda existem alguns aspetos que deverão ser tidos em conta, sendo a partilha e transferência de conhecimento essenciais para a transição circular, bem como a cooperação nacional e internacional.
A economia circular é um caminho para a sustentabilidade e, para tal, é necessário que seja estimulada a inovação, a educação e a participação de toda a comunidade. Consideramos que para estes conceitos sejam aplicados na prática, é fundamental que haja um envolvimento das diferentes cadeias de valor, da Academia, das associações, dos governos e dos consumidores, para que todos trabalhem rumo a uma economia livre de resíduos, onde tudo é considerado recurso.
Luísa Magalhães, Diretora Executiva da Associação Smart Waste Portugal
In Revista BOW, n.º 26 - Economia Circular, Sustentabilidade Empresarial e a Internacionalização
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