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Boas e más notícias em destaque
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

Na sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo, o presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro, destaca boas e más notícias da economia e as ações e acompanhamento que as mesmas exigem por parte das políticas públicas para fazer face às necessidades e aos desafios que as empresas e a sociedade enfrentam. 

Leia o artigo na íntegra:


Boas e más notícias!

No ano passado, o crescimento real do nosso PIB terá ascendido a 6.7%. Estatisticamente, é de classificar como um “feito histórico”, na medida em que traduz a subida mais forte das últimas três décadas e meia e será um dos mais elevados da União Europeia, onde a média se terá situado em apenas 3,6%.

A estimativa rápida do INE não permite o detalhe do contributo das componentes do PIB que suportam esta boa performance da economia portuguesa. Como tenho referido, temos de destacar dois importantes efeitos laterais relativamente benéficos: atração de turistas (Portugal como destino seguro, menos próximo do cenário de guerra) e menor dependência da energia russa.

Se usarmos as previsões recentes do Banco de Portugal, é de esperar que as exportações e as importações cresçam, em termos reais, a dois dígitos (17.7% e 11.1%, respetivamente), seguindo-se a subida de 5.9% do consumo privado e do investimento, a rubrica menos dinâmica, com a FBCF a aumentar apenas 1.3%, o que não deixa de ser uma notícia menos boa.

Menos boa também é a tendência de subida da taxa de desemprego, que se acentuou nos últimos meses de 2022. Sendo ainda cedo para se perceber a sustentação desta trajetória, não é de negligenciar os choques sucessivos que as empresas têm sofrido, decorrentes da propagação dos impactos acumulados da pandemia e da guerra, tendo conduzido a um brutal agravamento dos custos de produção – os operacionais e os financeiros – e a uma contração das margens do negócio. É uma situação que coloca o nosso tecido empresarial, sobretudo as empresas mais frágeis, numa situação de enorme vulnerabilidade, com impacto no mercado de trabalho. 

Por contraponto, numa altura em que muitas empresas sentem dificuldades em contratar mão-de-obra, uma subida da taxa de desemprego não deixa de denunciar o elevado desajustamento entre as necessidades empresariais e os perfis de competências disponíveis no mercado. É um fenómeno que não é novo e exige uma clara atenção à (re)qualificação dos ativos, nomeadamente com o forte envolvimento das associações empresariais, como a AEP tem vindo a propor.

As medidas de apoio à manutenção do emprego foram muito úteis e eficazes durante a pandemia. Também nesta altura, impera uma ação e acompanhamento sistemáticos por parte das políticas públicas quanto às dinâmicas de um mercado laboral em acelerada transformação, para fazer face às necessidades e aos desafios que as empresas e a sociedade enfrentam. 

Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 04.02.2023