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As pessoas são a solução, não o problema
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

"Não devemos negligenciar que o desafio demográfico continua a assumir uma importância crescente nas estratégias de desenvolvimento dos países e dos seus territórios, tendo subjacente a questão da sustentabilidade dos recursos, intimamente relacionada com a forma como produzimos e consumimos, mais do que propriamente com o número de habitantes".

O presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro, aborda, na sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo, o desafio demográfico que enfrentamos e a importância de uma política de imigração adequada.

Leia a coluna: 


As pessoas são a solução, não o problema

Vivemos num planeta com cada vez mais habitantes, embora em ritmo de abrandamento. As Nações Unidas apontam que em meados deste mês a população mundial atingiu o marco dos 8 mil milhões, mais do triplo do que era em meados do século passado (2.5 mil milhões em 1950). Desde essa data, registou-se um crescimento mais forte na primeira metade da década de sessenta, a uma média de cerca de 2.1% ao ano, ritmo que desacelerou posteriormente em mais da metade, devido aos níveis reduzidos de fertilidade, de tal modo que em 2020, pela primeira vez desde 1950, a taxa de crescimento populacional caiu abaixo de 1% ao ano, projetando-se que continue a desacelerar nas próximas décadas. 

Ainda assim, estima-se que a população global suba para cerca de 8.5 mil milhões em 2030 e chegue a 9.7 mil milhões em 2050, sobretudo à custa de zonas menos desenvolvidas do globo, como a África Subsaariana e algumas regiões da Ásia, sendo que mais de metade do aumento projetado na população global até 2050 se vai concentrar em apenas oito países: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e República Unida da Tanzânia.

Não devemos negligenciar que o desafio demográfico continua a assumir uma importância crescente nas estratégias de desenvolvimento dos países e dos seus territórios, tendo subjacente a questão da sustentabilidade dos recursos, intimamente relacionada com a forma como produzimos e consumimos, mais do que propriamente com o número de habitantes. 

Outra questão crucial diz respeito aos fluxos migratórios, pela sua capacidade em contrabalançar os desequilíbrios em países com queda da sua população, como é precisamente o caso de Portugal. Os dados definitivos dos Censos de 2021, divulgados esta semana, mostram uma redução de 2.1% na população residente em Portugal na última década. Segundo o INE,
“representa a segunda quebra populacional registada desde 1864, ano em que se realizou o I Recenseamento Geral da População. Em termos de série censitária, Portugal apenas tinha registado uma redução do seu efetivo populacional nos Censos de 1970, como resultado da elevada emigração verificada na década de 60”.

É neste contexto que é muito importante uma política de imigração adequada, que permita estimular as condições de acolhimento de famílias e não importar problemas, o que exige uma reposta global. Essas pessoas são a solução e não o problema, tendo em conta a falta de mão-de-obra nas empresas.

 
Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 26.11.2022