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As notícias são boas, mas não podemos “dormir à sombra da bananeira”
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

O presidente do CA da AEP destaca as boas notícias sobre a evolução da economia portuguesa na sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo.

Todavia, Luís Miguel Ribeiro não deixa de apelar para a urgência na "implementação de políticas públicas promotoras do crescimento e desenvolvimento do país, com o bom uso dos fundos europeus e do excedente orçamental, alcançado principalmente pelo aumento da receita fiscal e contributiva, por forma a contrariar a desaceleração do investimento e da procura externa líquida".

Leia a coluna:


As notícias são boas, mas não podemos “dormir à sombra da bananeira”

Dizem que a boa notícia não faz notícia! Não partilho dessa opinião. Devemos também relevar aquilo que é bom, sobretudo perante um clima profundamente conturbado a nível mundial. 
Neste sentido, os dois últimos dias de janeiro foram pródigos em boas notícias sobre a evolução da economia portuguesa.

Começo pelo Turismo, em 2023, o número de hóspedes e de dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico superaram os níveis pré-pandemia e atingiram novos máximos históricos, com crescimentos a dois dígitos. As dormidas dos mercados externos representaram a maioria, cerca de 70% do total, tendo sido o segmento que mais cresceu (+14,9%, face a +2,1% do mercado interno), representando um excelente contributo para elevar a intensidade exportadora do país, na componente das exportações de serviços.

Os indicadores da demografia das empresas trouxeram, igualmente, boas notícias. Em termos líquidos, a diferença entre os “nascimentos e mortes” correspondeu a um saldo positivo no número de empresas, no emprego e no volume de negócios. Das cerca de 1,5 milhões de empresas ativas em Portugal em 2022, mais de 232 mil (ou seja, cerca de 16% do total) nasceram nesse ano, traduzindo um acréscimo de 24,1%.

Os indicadores de confiança dos consumidores e de clima económico voltaram a aumentar. Porém, é de ressalvar que a perspetiva dos consumidores quanto à evolução futura dos preços é de um aumento significativo e também a expectativa dos empresários sobre a evolução futura dos preços de venda subiu em todos os setores.

Quanto ao PIB, a estimativa rápida aponta para uma variação homóloga de 2,2% e 0,8% em cadeia, no 4.º trimestre, o que permitirá atingir um crescimento anual de 2,3%, alicerçado no contributo positivo da procura interna, embora com desaceleração do consumo privado e do investimento, e da procura externa líquida, menos intenso que em 2022, tendo as exportações e importações de bens e serviços desacelerado significativamente.

Apesar do crescimento do PIB estar acima das expectativas do Governo, urge a implementação de políticas públicas promotoras do crescimento e desenvolvimento do país, com o bom uso dos fundos europeus e do excedente orçamental, alcançado principalmente pelo aumento da receita fiscal e contributiva, por forma a contrariar a desaceleração do investimento e da procura externa líquida.

Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 03.02.2024