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Administração Trump II: quem perde e quem ganha?
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo
A tomada de posse e as primeiras ordens executivas do novo presidente dos EUA estão em análise na mais recente coluna de opinião do presidente do CA da AEP no Dinheiro Vivo.
"A maior economia do mundo esté sob os holofotes de todos", sublinha Luís Miguel Ribeiro, acrescentando que "a postura dos EUA pode ser uma importante alavanca para a União Europeia passar, de imediato, à ação, tendo em conta o diagnóstico que o Relatório Draghi faz sobre a trajetória de abrandamento económico e enfraquecimento do crescimento da produtividade, levando a uma persistente perda de competitividade face aos EUA e à China".
Leia a coluna na íntegra:
Administração Trump II: quem perde e quem ganha?
Perante a tomada de posse da nova Administração Trump, a maior economia do mundo está sob os holofotes de todos. Tudo o que lá se passar, do ponto de vista político ou geoestratégico, terá, direta ou indiretamente, impacto nas diversas zonas do globo, mais nuns casos do que noutros.
As primeiras ordens executivas sinalizam as grandes prioridades, de que é exemplo a “nova” conceção da política climática e energética, com a retirada dos Estados Unidos da América (EUA) do Acordo de Paris sobre o clima, que Trump considera ser injusto e unilateral, sublinhando que os EUA não vão sabotar as suas próprias indústrias, enquanto a China polui com impunidade.
Do lado de cá do Atlântico, a Comissão Europeia prontificou-se a discutir a relação entre a União Europeia e os EUA. Simultaneamente, reafirma a importância da transição verde, rumo à prosperidade da Europa, algo que está agora fora das prioridades da economia americana, que cresce acima da europeia, onde a capacidade de investimento em inovação, investigação e desenvolvimento muito contribui para essa melhor performance.
A postura dos EUA pode ser uma importante alavanca para a União Europeia passar, de imediato, à ação, tendo em conta o diagnóstico que o Relatório Draghi faz sobre a trajetória de abrandamento económico e enfraquecimento do crescimento da produtividade, levando a uma persistente perda de competitividade face aos EUA e à China. Se a Europa não conseguir tornar-se mais produtiva, terá de reduzir as suas ambições, seja em matéria de novas tecnologias, de alterações climáticas, de independência na cena mundial ou de preservação do seu modelo social. Na estratégia de reindustrialização, Draghi realça o objetivo de prosseguir no caminho da descarbonização, mas preservando a posição competitiva da indústria europeia, que agora fica mais difícil e que será agravada pela aplicação de medidas protecionistas.
É certo que a imposição de tarifas pode ser contraproducente para os EUA. Porém, num país em que o grau de abertura ao exterior é cerca de quatro vezes inferior ao da União Europeia e a intensidade importadora (peso das importações no PIB) é de apenas 14%, face aos 46,3% da União Europeia, é fácil adivinhar onde o impacto das medidas será potencialmente maior!
A Europa tem de agir e antecipar políticas e medidas que evitem uma contínua perda da sua competitividade e do seu peso no cenário mundial.
Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 31.01.2025
"A maior economia do mundo esté sob os holofotes de todos", sublinha Luís Miguel Ribeiro, acrescentando que "a postura dos EUA pode ser uma importante alavanca para a União Europeia passar, de imediato, à ação, tendo em conta o diagnóstico que o Relatório Draghi faz sobre a trajetória de abrandamento económico e enfraquecimento do crescimento da produtividade, levando a uma persistente perda de competitividade face aos EUA e à China".
Leia a coluna na íntegra:
Administração Trump II: quem perde e quem ganha?
Perante a tomada de posse da nova Administração Trump, a maior economia do mundo está sob os holofotes de todos. Tudo o que lá se passar, do ponto de vista político ou geoestratégico, terá, direta ou indiretamente, impacto nas diversas zonas do globo, mais nuns casos do que noutros.
As primeiras ordens executivas sinalizam as grandes prioridades, de que é exemplo a “nova” conceção da política climática e energética, com a retirada dos Estados Unidos da América (EUA) do Acordo de Paris sobre o clima, que Trump considera ser injusto e unilateral, sublinhando que os EUA não vão sabotar as suas próprias indústrias, enquanto a China polui com impunidade.
Do lado de cá do Atlântico, a Comissão Europeia prontificou-se a discutir a relação entre a União Europeia e os EUA. Simultaneamente, reafirma a importância da transição verde, rumo à prosperidade da Europa, algo que está agora fora das prioridades da economia americana, que cresce acima da europeia, onde a capacidade de investimento em inovação, investigação e desenvolvimento muito contribui para essa melhor performance.
A postura dos EUA pode ser uma importante alavanca para a União Europeia passar, de imediato, à ação, tendo em conta o diagnóstico que o Relatório Draghi faz sobre a trajetória de abrandamento económico e enfraquecimento do crescimento da produtividade, levando a uma persistente perda de competitividade face aos EUA e à China. Se a Europa não conseguir tornar-se mais produtiva, terá de reduzir as suas ambições, seja em matéria de novas tecnologias, de alterações climáticas, de independência na cena mundial ou de preservação do seu modelo social. Na estratégia de reindustrialização, Draghi realça o objetivo de prosseguir no caminho da descarbonização, mas preservando a posição competitiva da indústria europeia, que agora fica mais difícil e que será agravada pela aplicação de medidas protecionistas.
É certo que a imposição de tarifas pode ser contraproducente para os EUA. Porém, num país em que o grau de abertura ao exterior é cerca de quatro vezes inferior ao da União Europeia e a intensidade importadora (peso das importações no PIB) é de apenas 14%, face aos 46,3% da União Europeia, é fácil adivinhar onde o impacto das medidas será potencialmente maior!
A Europa tem de agir e antecipar políticas e medidas que evitem uma contínua perda da sua competitividade e do seu peso no cenário mundial.
Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 31.01.2025