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Acordo EUA-UE: quem ganha e quem perde?
A opinião de Luís Miguel Ribeiro no Dinheiro Vivo

O presidente do CA da AEP dedica a sua mais recente coluna de opinião no Dinheiro Vivo ao acordo comercial entre os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia (UE).

Luís Miguel Ribeiro refere que "num contexto exigente de recuperação pós-pandemia, instabilidade geopolítica e aumento dos custos de produção, este novo cenário exige resposta concertada e firme das autoridades europeias e nacionais, no sentido de mitigar os impactos negativos e, simultaneamente, potenciar o aproveitamento de novas oportunidades, através da disponibilização de mecanismos de apoio às empresas, nomeadamente à diversificação de mercados externos"

Leia a coluna na íntegra:


Acordo EUA-UE: quem ganha e quem perde?

Na passada semana, entrou em vigor o acordo comercial entre os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia. Desde o início, as autoridades norte-americanas justificam as tarifas aduaneiras sobre produtos provenientes da União Europeia como resposta a “alegados” desequilíbrios comerciais e subsídios considerados desleais.

Quais as consequências deste novo capítulo nas tensões comerciais transatlânticas para a economia europeia e, de forma particular, para a portuguesa?

No momento que escrevo este artigo ainda não são conhecidos todos os detalhes do acordo, para se poder afirmar, com rigor, a verdadeira dimensão dos impactos. Vislumbram-se impactos antagónicos. Entre os negativos, assinalam-se os previsíveis efeitos em cadeia nos países europeus ou a reorientação, quiçá “inundação”, para a Europa de produtos oriundos da China, que, como sabemos, competem em condições mais vantajosas, designadamente em regras ambientais e ajudas de Estado – verdadeiros obstáculos de natureza não tarifária. Os impactos positivos estão relacionados com o facto de, para determinados setores, o teto máximo das tarifas ser inferior à taxa em vigor antes do acordo comercial, ou pela maior competitividade dos produtos europeus face a países terceiros concorrentes e com maiores taxas.

É expectável que diversos setores estratégicos da economia portuguesa sejam, direta ou indiretamente, afetados, pela perda “automática” de competitividade dos seus produtos no mercado norte-americano. Em junho, ainda sem acordo, as exportações portuguesas de bens para os EUA diminuíram 39,4%.

Num contexto exigente de recuperação pós-pandemia, instabilidade geopolítica e aumento dos custos de produção, este novo cenário exige resposta concertada e firme das autoridades europeias e nacionais, no sentido de mitigar os impactos negativos e, simultaneamente, potenciar o aproveitamento de novas oportunidades, através da disponibilização de mecanismos de apoio às empresas, nomeadamente à diversificação de mercados externos. A Irlanda já anunciou, precisamente, o lançamento de um plano para diversificar mercados.

Portugal tem sabido afirmar-se nos mercados globais com qualidade e inovação, não deixemos que barreiras externas coloquem em causa o esforço e o mérito de quem todos os dias investe, arrisca e cria valor: os empresários!

Luís Miguel Ribeiro, presidente do Conselho de Administração
da Associação Empresarial de Portugal
In Dinheiro Vivo 14.08.2025