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A apoiar a internacionalização para África
Um artigo de Sérgio Pimenta na Revista BOW 33
A internacionalização das Empresas Portuguesas e a missão da Corporação Financeira Internacional (IFC)
As empresas portuguesas têm identificado a internacionalização como um dos caminhos de crescimento preferenciais, assumindo um papel ativo na narrativa de globalização. Com a subsequente expansão para novos mercados, diversificação de fontes de receitas e coragem de se expor à concorrência global, muitas dessas empresas procuram o apoio de parceiros como a IFC, que tem a experiência na mobilização de conhecimento e financiamento e a capacidade de alcance necessária para apoiar as empresas na navegação dos mercados internacionais.
Enquanto instituição do Grupo do Banco Mundial, a IFC tem como missão o desenvolvimento de mercados emergentes através do apoio aos investimentos privados, pela prestação de serviços de consultoria e de investimento, complementando o apoio e financiamento que o Banco Mundial presta ao investimento público e as soluções de garantias apresentadas pela MIGA: Agência Multilateral de Garantias de Investimento.
Atualmente, a IFC opera em mais de 100 países, tendo investido um valor equivalente a 50 mil milhões de euros, entre julho de 2023 e junho de 2024.
A IFC está atualmente a alavancar a sua capacidade de financiamento e conhecimento de mercados em desenvolvimento para ser capaz de apoiar a internacionalização de empresas portuguesas, especialmente em África e através de iniciativas como o Compacto Lusófono.
O apoio da IFC à internacionalização de empresas portuguesas
A IFC tem intensificado a sua relação com empresas portuguesas, tendo investido cerca de 206 milhões de Euros na sua expansão para mercados em desenvolvimento na América Latina, Caraíbas e África em vários setores, incluindo a manufatura, serviços e agricultura.
Para lá da sua relevância na capacidade de financiamento do esforço de internacionalização das empresas portuguesas, a IFC presta especial atenção à mitigação dos riscos inerentes – mas tantas vezes exagerados – ao investimento em mercados em desenvolvimento, através de vários instrumentos financeiros e de consultoria, incluindo ações concertadas com o Banco Mundial que conduzem a uma maior previsibilidade e certeza regulatória.
África: um destino natural
O continente africano tem sido um dos principais destinos de expansão para as empresas portuguesas, não só pela proximidade geográfica, mas também pelos laços culturais e históricos, especialmente com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) – Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
África é um continente em rápido crescimento, que no passado recente tem mudado muitos dos seus aspetos morfológicos, como seja a crescente urbanização do seu tecido social, o que traz uma renovada (e também diferente) necessidade de desenvolvimento, quando comparada com a de um tecido social mais rural.
Também o crescente desenvolvimento de um ecossistema africano mais autossuficiente é um dos traços redesenhados para o continente: muitos dos principais investidores em África são hoje empresas africanas, que escalam para se tornarem atores regionais e por vezes continentais.
A presença da IFC em África, com escritórios em 40 países, e uma experiência acumulada no apoio à expansão de empresas em mercados em desenvolvimento, materializa uma plataforma de características únicas para as empresas portuguesas que procuram uma vantagem competitiva nas inúmeras oportunidades de crescimento latentes no Continente Africano.
O papel da IFC no Compacto Lusófono
Um dos instrumentos de apoio à internacionalização das empresas portuguesas em África tem sido o Compacto Lusófono, uma iniciativa que envolve a IFC, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e governos de países lusófonos.
O objetivo do Compacto é promover o desenvolvimento económico sustentável nos países africanos lusófonos, facilitando o investimento privado e a criação de oportunidades de emprego.
A IFC participa ativamente nesta iniciativa conjunta, e oferece uma alavanca para incrementar a consolidação de uma plataforma de investimento lusófona em África.
Aquando da sua adesão ao Compacto Lusófono, a IFC marcava já presença em Angola e em Moçambique. Desde então, estabeleceu uma presença em Cabo Verde e em 1 de julho passado abriu um escritório em Bissau.
Com a sua presença no Compacto Lusófono, a IFC pode intensificar a sua relação com as empresas portuguesas que encontram na Lusofonia um espaço de expansão, promovendo a cooperação entre países de língua portuguesa e fortalecendo os laços económicos entre Portugal e África.
Sérgio Pimenta, vice-presidente regional do IFC (International Finance Corporation) para África
In Revista BOW 33 – As Multilaterais e as Oportunidades de Internacionalização
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2025/01/28