Envolvente Empresarial – Análise de Conjuntura

Envolvente Empresarial - 4º Trimestre 2021

Envolvente Empresarial - 4º Trimestre 2021

A Envolvente Empresarial - Análise de Conjuntura relativa ao 4.º trimestre de 2021 permite destacar a subida da inflação para níveis historicamente elevados e a postura agora mais agressiva da Reserva Federal, que contrasta com a abordagem ainda gradual do BCE na retirada dos estímulos de política monetária.

As implicações são grandes para uma economia endividada como a portuguesa, onde quer o Estado (que tem o 3º maior rácio da dívida na UE) quer empresas e famílias perderão margem orçamental com um aumento das taxas de juro, o que já se está a verificar face à pressão dos mercados financeiros, mesmo que o BCE não aponte ainda para uma subida das taxas de juro diretoras em 2022. Com efeito, a yield soberana de Portugal já começou a subir desde o final do ano passado, penalizando as contas públicas a prazo, o mesmo sucedendo com as taxas de juro às sociedades não financeiras. Já em janeiro, as taxas Euribor começaram a subir, o que poderá impactar no orçamento das famílias se o movimento se prolongar, como esperado.

As incertezas são muitas sobre o grau de persistência do fenómeno inflacionista – a começar pela evolução da pandemia, que parece estar na sua origem –, mas as consequências já estão à vista e a história ensina que, quanto mais tarde se começar a lidar com o problema, maiores os custos futuros (maiores aumentos das taxas de juro). A presidente do BCE continua a apontar fatores de ordem temporária na origem da subida da inflação na área euro e sublinha a ausência de efeitos de segunda ordem, ao nível da inflação salarial, mas as expetativas de inflação podem alterar-se com alguma rapidez.

De qualquer modo, o BCE promete ser flexível, o que é uma boa notícia, até porque as condições poderão alterar-se bastante caso ocorra um conflito militar na Ucrânia, um receio que se vem a adensar e tem contribuído para a subida dos preços da energia.

Aos riscos externos junta-se o risco interno de as eleições antecipadas poderem não trazer uma solução governativa estável e atrasarem a execução do plano de recuperação (com prazos curtos) e das reformas associadas, bem como a colocação no terreno do Portugal 2030, tornando este ano particularmente desafiante.

A Envolvente Empresarial - Análise da Conjuntura é uma publicação trimestral desenvolvida conjuntamente pela AEP, AIP e CIP, com informação detalhada da evolução da atividade económica e de outros indicadores, incluindo ainda uma seleção de aspetos relevantes do enquadramento nacional e internacional. 
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