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O lixo marinho como fonte de receita
Projeto Azores EcoBlue desenvolveu matérias-primas inovadoras

25 tonelas de lixo marinho reutilizado, a partir das 42 toneladas recolhidas no mar dos Açores, é um dos principais resultados do projeto Azores Ecoblue, apresentados na sessão de encerramento, realizada a 29 de abril, no Nonagon - Parque de Ciência e Tecnologia de São Miguel, nos Açores.

Financiado pelo Programa Crescimento Azul dos EEA Grants, o projeto resulta de um consórcio liderado pela Circular Blue, desenvolvido em parceria com a AEP – Associação Empresarial de Portugal, o TERINOV – Parque de Ciência e Tecnologia da ilha Terceira, a Universidade dos Açores, o AIR Centre - Atlantic International Research Centre, a Universidade do Minho e a Visual Thinking.

O Azores EcoBlue explora o conceito de Economia Circular, Azul e Social assente no paradigma Upcycling & Recycling, com uma forte componente de inovação aplicada ao desenvolvimento de novos subprodutos e matérias-primas, a partir de resíduos e excedentes do setor do mar e das pescas, incluindo a criação de novas fibras para serem utilizadas em fios/materiais de isolamento e, com isso, novos tecidos impermeáveis para uso externo e uma nova manta de isolamento térmico para aplicação na construção civil. Arrancou nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial, tendo-se, entretanto, expandido a outras ilhas do arquipélago dos Açores.

Ao longo dos dois anos de implementação do projeto, foi testada a viabilidade da transformação do lixo marinho em novos fios e fibras para materiais dos setores da construção e do têxtil, e, fruto de um trabalho intenso de análise, caracterização, quantificação, triagem, processamento de desperdícios e excedentes do mar e algas infestantes e estudos científicos, em estreita colaboração com centros de investigação aplicada e com o apoio das comunidades locais e da indústria, foram desenvolvidos novos fios e fibras, foi criado um caderno de tendências, desenhada a coleção cápsula de têxteis e de decoração e desenvolvido o modelo protótipo de uma ecocabana produzida com 10% de sedas, cabos e algas com perspetiva de evolução em matéria de incorporação de resíduos.

Além das 42 toneladas de lixo marinho recolhido, das quais 25 toneladas reutilizadas, há ainda a destacar o desenvolvimento de nove protótipos, a presença do projeto em cinco encontros de negócios e três conferências científicas internacionais, bem como em cinco eventos locais. Serão ainda de referir a publicação de um artigo científico e a formação de 10 cidadãs para criação de novos produtos.

O modelo de negócios e o método de trabalho adotados pelo Azores EcoBlue têm enquadramento em qualquer região e podem ser levados por diante por qualquer equipa que esteja comprometida em, por um lado, reduzir a quantidade de resíduos gerados e de resíduos não valorizados produzindo produtos sustentáveis e, por outro lado, em capacitar e encorajar a região para se tornar mais verde, mais responsável e mais sustentável.

A AEP orgulha-se de ter integrado um projeto tão ambicioso como o Azores EcoBlue e de estabelecer pontes entre Academia, a Indústria e as Empresas, criar sinergias de cooperação e contribuir para provar que é possível ter no lixo marinho uma fonte de receita ao gerar produtos mais sustentáveis nas indústrias têxtil e da construção.